Fanny Price é de família pobre com vários irmãos, na Inglaterra dos anos 1810s. No entanto, uma das irmãs da sua mãe se casou com um homem rico e virou Lady Bertram, e a outra se casou com um respeitável vigário e se tornou Mrs. Norris. Quando soube da situação de miséria que sua irmã se encontrava, Lady Bertram expressou sua vontade de ajudar, e Mrs. Norris sugeriu então que a família adotasse uma das filhas de Mrs. Price, e Fanny foi morar em Mansfield Park com os tios.
A família em Mansfield Park é Tom e Edmund e Julia e Maria, os quatro filhos de Lord e Lady Bertram. Próximo a Mansfield Park vive a tia Mrs. Norris, que mima os sobrinhos Bertram ao mesmo tempo em que trata Fanny super mal. Os anos passam, Tom vai morar longe, Edmund sempre trata Fanny como uma irmã querida, Julia e Maria ignoram Fanny ou fazem questão de excluí-la de tudo.
Quando todos estão crescidos, o marido de Mrs. Price vem a falecer e outro vigário vem morar na paróquia, o Dr. Grant. Sua esposa tem dois irmãos que logo visitam a região: os sofisticados, belos e bem vestidos Henry e Mary Crawford. Esses dois se aproximam da família Bertram e geram mais problemas do que vantagens.
Mansfield Park é um livro longo e cansativo. Fanny Price é uma chatinha, que é sempre vítima de tudo e nunca reage. A história se arrasta pela primeira metade, narrando as provações da heroína enquanto é maltratada pela família das tias. Depois do meio da história a coisa engrena, e finalmente vemos a que veio: o romance é um tratado sobre as mudanças sociais extremas que estavam acontecendo na Inglaterra da época, e a visão da autora do que era apropriado para pessoas de boa família.
Henry e Mary Crawford representam tudo de moderno e condenável na atitude das pessoas; Fanny e Edmund os corretos porém deslumbrados com a beleza e a atração do mundo novo. Eu entendo o que a autora quis fazer, mas só não concordo muito. Tradição é louvável até certo ponto; comportamentos novos e revolucionários podem ser bons, valiosos e vantajosos para uma sociedade; se fosse pra seguir sempre o que nossos pais seguiam, nada ia pra frente.
No entanto, ao mesmo tempo em que a narrativa coloca ideias novas como condenáveis, também coloca pessoas mesquinhas, mimadas e mau-caráter sofrendo consequências. Aqueles que agem sem pensar, de forma egoísta e visando apenas a própria felicidade são os principais vilões na visão da autora. A história em si, do sofrimento e finalmente felicidade de Fanny, onde todos reconhecem que ela sempre foi a mais correta da família, não deixa de ser satisfatória.
Mansfield Park (1814)