Maio 19, 2024
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Phryne Fisher, famosa aristocrata detetive na Austrália dos anos 20, é convidada por seu velho amigo para passar um final de semana na sua casa no campo. Ela leva com ela sua acompanhante Dot, seu amante Lin e o criado dele Li Pen. Logo quando chegam, de carro no meio da noite, os quatro resgatam uma criadinha que estava no meio do mato claramente fugindo de um homem que tinha intenções pouco honradas. Quando Phryne relata o ocorrido ao dono da casa, ele não dá atenção ao caso pois parece preocupado com outros assuntos. O problema do preconceito de geral com o fato de Miss Fisher andar por aí com um amante chinês é dos menores, já que ela logo descobre que a tal criada que ela resgatou foi assassinada e o corpo desapareceu.

O assassino só pode ser um dos presentes: os convidados aleatórios do fim de semana ou um os empregados. Tem o poeta bonitão, a filha dominada pela mãe rica, o playboy que só joga tênis, o velho coronel que maltrata a esposa, uma tia que tenta angariar fundos para missionários, e a aristocrata mais popular da temporada que aparece com um amante chinês. Já entre os empregados, uma mocinha tem ataques histéricos, o mordomo bebe, a cozinheira pode estar ou não escondendo o filho criminoso fugido. 

Verdade que nem todos os livros da série são bons, mas esse é o primeiro que realmente me incomodou. Eu fiquei com a impressão de que a autora tentou fazer um “mistério de quarto fechado” no estilo em que a Agatha Christie se especializou, mas além do problema dos personagens serem muito sem sal, faltou um motivo plausível pra todos eles estarem na mesma festinha. A narrativa tenta criar relações entre os presentes, mas no final, quando tudo é revelado e cada um dos participantes tem uma motivação super especial para estar lá, a impressão que fica é a de que tudo foi construído só porque a autora quis. Todos os personagens parecem ter vindo de outros contos policiais famosos: a detetive idosa que é a Miss Marple, o filho criminoso dos mordomos igual nos Baskervilles; fica quase uma brincadeira extra tentar identificar. A narrativa coloca todos com uma reviravolta no fim da história e fica aquela sensação de que são vinte e sete tramas diferentes que poderiam merecer um livro separado.

Dingo Harry, o estranho doido que vive no mato, parece ter sido inspirado em alguma personalidade australiana, e as cavernas e a casa que fica isolada pelo rio também. Mas afora uma atmosfera de maravilhas do subterrâneo junto com claustrofobia que a autora soube explorar bem, o livro acaba tendo tramas demais e capturando interesse de menos.

Por mais que Prhyne brilhe como sempre, é uma pena que esse volume tenha tantas desvantagens, fazendo a história parecer uma sátira de má qualidade. Felizmente, como se passa num feriado que Phryne vai pro campo, o livro não tem momentos em que o arco do núcleo principal avança, então não faz falta se você pular esse.

Urn Burial (2007) de Kerry Greenwood. Série Phryne Fisher Livro 8

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