Maio 18, 2024
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Agora é a vez da adaptação da Bela Adormecida. Ao contrário de Beauty, que segue as cenas do conto original, aqui a autora foi mais ousada. Isso foi benéfico porque os personagens que a autora criou são excelentes e também porque me deu a impressão de estar lendo algo novo; ao contrário do que aconteceu com Beauty, em que fiquei com a impressão de que já tinha lido isso antes e por isso meu interesse diminuiu.

O livro começa com a descrição do reino encantado onde se passa a história, em que a magia é tão forte que as pessoas estão acostumadas a que o trigo vire um animal e vice versa, e em que as fadas e os magos precisam estar constantemente em alerta para que a magia não saia de controle. E em seguida conhecemos Katriona, uma garota de quinze anos que mora com sua tia fada, e que é sorteada para participar da cerimônia de nomeação da princesa. Só que uma fada maligna interrompe a cerimônia para anunciar uma maldição (quando crescer, a garota vai picar o dedo no fuso da roca e dormir e depois morrer etc), e Katriona, com um amuleto de proteção que ganhou de um estranho, se vê abraçando a bebê e dizendo que vai ficar tudo bem. Quando Pernicia (a fada má) some dali, a fada da rainha tira Katriona e o bebê da confusão e pede que Katriona leve o bebê embora, para escondê-la, até que os magos do rei consigam encontrar Pernicia e destruí-la.

Rosie, como a princesinha é chamada por Katriona e sua tia, cresce no interior do reino, sem saber da sua ancestralidade e sem usar os dons que recebeu das fadas: o cabelo dourado ela corta curto por não ter paciência com ele, o dom da costura ela nunca usou por não querer ficar trancada em casa com uma agulha, o dom da dança… bem, ela gosta mesmo é de cuidar dos animais e de ficar no ateliê do ferreiro. Além disso teve que durante a longa viagem de Katriona da capital até o fim de mundo onde ela vive, a princesa, então com três meses de idade, precisava de leite, e os animais selvagens a amamentaram. E agora Rosie consegue falar com os animais.

Os dois primeiros terços do livro são deliciosos: enquanto as fadas esperam o seu vigésimo primeiro aniversário com temor, pois é a data que Pernicia anunciou que a maldição aconteceria, e enquanto o reino passa a utilizar fusos de madeira, Rosie cresce adorável, com uma personalidade forte, uma atitude prática com a vida e um amor pelo ar livre e pelo trabalho honesto. Katriona se casa e tem bebês, Rosie fica melhor amiga de Peony, uma garota também órfã que cresceu com os tios. Peony é tudo o que Rosie não é: bonita, delicada, agradável e afável, mas isso não impede a amizade das duas. Quando Rosie finalmente descobre seu passado e seu destino, Peony não hesita em propor o plano: ela fingirá ser a princesa Briar-Rose, Rosie fingirá ser a sua ama, e então, no dia do aniversário da princesa, as fadas – auxiliadas pelas fadas e magos do rei – esperam que Peony seja a afetada pela maldição, que será mais fácil de contra-atacar por estar caindo no alvo errado.

E aí é que a coisa desanda. Depois de ter lido Beauty, cheguei à conclusão que o problema da autora são os finais: aqui ela se confundiu toda, fez uma salada e fica tudo tão longo e chato que quase larguei o livro. Outros leitores não concordaram comigo, tá, então pode ser que você goste. Mas o terço final do livro pra mim quase estragou com a coisa toda. Aquela história do cabelo, e aquele monte de bicho que eu não sabia quem era quem, e aquela escapada bastante confusa do casarão, e por fim o romance final que eu JÁ SABIA, mas sério mesmo que todo livro dela vai ter um quarentão ficando com uma garota com metade da idade dele? Quase toda a parte final. Um saco, nada a ver, sem sentido e ainda por cima meio idiota. Eu gostei da troca entre Rosie e Peony, e do sacrifício final do pássaro, e que a Rosie ficou em Foggy Bottom, mas do resto não.

Uma excelente adaptação que escorrega feio no final (na minha opinião), com personagens ótimos e uma ambientação muito legal, eu recomendo esse livro pra quem gosta de adaptações de contos de fadas, mas com essas ressalvas do final aí.

Spindle’s End (2000) – De Robin McKinley (EUA)

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