Maio 18, 2024
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Eu nem sei daonde tirei Storm Front, primeiro volume da série de livros The Dresden Files, mas o fato é que li, gostei, viciei e já era. Em pouco tempo descobri que os livros tinham originado uma série de TV, que na época passou no Sci-Fi Channel (os imbecis não se contentaram em demolir Terramar, também cancelaram essa pérola logo de início.).

É bom mencionar que acho que a série é uma das melhores transposições do livro pra tela que eu já vi.

A série conta as aventuras e desventuras de Harry Dresden, um detetive particular em Chicago que é também um bruxo. Outros personagens recorrentes são Bob, o espírito de um bruxo que ajuda Harry, a tenente Murphy, policial de Chicago que contrata Harry para resolver casos sobrenaturais e Morgan, um ‘policial dos bruxos’ que vive na cola de Harry, já que este não tem um passado exatamente exemplar.

A idéia é a de que existe todo um mundo sobrenatural escondido do nosso, e quando as coisas não são bem o que parecem o departamento de investigações especiais da polícia tem que jogar tudo pra baixo do tapete. Mas antes disso a tentente Murphy sempre acaba chamando Dresden, pra ver se ele tem alguma coisa a fazer pra descobrir que raios aconteceu.

Harry é interpretado por Paul Blackthorne. A primeira foto que eu vi dele me deixou meio desapontada, eu sempre imaginei um Harry mais charmoso. Mas como a maior parte dos homens charmosos, Blackthorne só demonstra a que veio quando vemos o homem atuar. E pra mim ele é perfeito. Ele demonstra uma enormidade de emoções com poucas palavras, parece sempre ao mesmo tempo sem jeito e cheio de idéias e tem uma cara de ‘sujo’ que toda mulher adora. As magias que ele faz são em geral bastante sutis: achei uma sacada boa do roteiro. No livro, o Dresden é bem pouco sutil nas magias que faz, e prédios incendiados e carros voando são comuns no seu dia a dia. Na série, e acho que isso fez bem pro orçamento, as magias de Dresden são pequenas, de encontrar, amarrar, fechar e mostrar, e são feitas com poucos truques de câmera. Quando eu vi o piloto da série, com todas as explosões, estranhei aquilo tudo e senti falta da sutileza dos outros episódios. A história não é focada na magia, e sim no roteiro inteligente e nos personagens secundários.

A tentente Connie Murphy é interpretada por Valerie Cruz. Ela é completamente diferente da personagem do livro e ao mesmo tempo muito parecida. Ela é bonita, durona e não deixa o Dresden se safar de nenhuma piada infame. A idéia é de que Dresden a está protegendo do conhecimento sobrenatural para que ela não se meta em ainda mais problemas, mas pra mim a única falha do roteiro está aí. Se Dresden não conta nada pra ela, como é que ela acredita nas ‘magias’ dele? Mas enfim. Achei uma falha pequena numa série que em geral achei muito boa.

Os episódios geralmente seguem um padrão: 1. algum crime é cometido de forma sobrenatural, a polícia não consegue entender nada e chama Dresden pra resolver ou 2. alguma pessoa em perigo sobrenatural vai parar no escritório de Dresden pedindo ajuda.

As histórias são muito boas, e os personagens coadjuvantes também. O clima meio ‘noir moderno’, com narrativa em off de Dresden, também é muito bem feito. Meus episódios favoritos são o dos meninos que usam um artefato mágico para atravessar paredes e roubar bancos e o da detetive particular cujo chefe foi morto de forma muito estranha.

Achei muito bom que a série não se prendeu aos roteiros dos livros de modo algum. Em vez de ficar dando reviravoltas para adaptar coisas, eles simplesmente mudaram completamente vários elementos da narrativa, mas o fizeram com tal cuidado que tudo faz sentido interno. Um pequeno exemplo é a personagem de Bianca, a vampira. Nos livros ela é totalmente diferente. Claro que podiam ter escolhido um outro nome pra mulher e pronto, já que as únicas coisas que ela tem em comum com a personagem do livro é a cor do cabelo e a profissão. Mas a personagem da série é tão rica e cativante que nem dá tempo da gente reclamar das mudanças.

Eu sou suspeita pra falar, porque sou viciada nos livros – se bem que, pra todos os efeitos, são coisas completamente diferentes (além disso, sou viciada nos livros do Harry Potter e talvez por isso mesmo tenha detestado os filmes) – mas a série vale muito a pena. Os personagens são bem construídos, as histórias dos episódios são boas e do jeito que eu gosto, com direito a quem matou e tudo, e o clima do ‘mundo’ da série é muito bem criado. Outra coisa que funciona muito bem é Bob, magistralmente interpretado por Terrence Mann. A química entre ele e Harry rende cenas absolutamente hilárias.

Mas, como sempre, algum executivo das tevês achou que ela não era boa o bastante. Na verdade, ouvi dizer que a série até que tava indo bem, mas o problema foi que ela ‘não alcançava a faixa etária correta’. O que quer que isso queira dizer. Pena.

The Dresden Files – 2007
com Paul Blackthorne, Valerie Cruz, Terrence Mann, Conrad Coates

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