Maio 19, 2024
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Depois que Katniss e Peeta ganham a 74ª edição dos Jogos Vorazes, ela acreditava que poderia viver em paz pelo resto dos seus dias. Seu mentor, Hamish, no entanto, logo a alerta de que suas ações ao final dos Jogos fizeram com que ela parecesse uma rebelde; foi como um grito de desafio ao poder de Capitol.

Alguns dias antes dos Tours, quando o vencedor – que pela primeira vez são dois – passa por todos os distritos, que deveriam fazer uma enorme festa em sua homenagem, Katniss recebe a visita de ninguém menos do que o Presidente Snow, que demonstra não ter sido nem um pouco enganado pelas atitudes dela nos Jogos e acredita que, mesmo sem querer, ela tenha começado uma rebelião nos distritos.

Ele ameaça a família dela se ela não convencer o resto do país que o ato final dos Jogos não foi um desafio e sim um ato de amor incontido por Peeta.

Isso funciona apenas para fazer com que Gale fique mais irritado e distante, mas Katniss descobre que o presidente Snow não ficou comovido com os Tours. Na verdade, há distritos em rebelião aberta.

Aparentemente Snow não pode fazer nada escondido com Katniss, ou ele quer mesmo é humilhá-la em rede nacional. Aparentemente ele acha que a melhor forma de acabar com a rebelião nos distritos, e a de acabar com Katniss de uma vez por todas, é forçar o sorteio dos tributos dos próximos Jogos Vorazes apenas entre os antigos vencedores de cada distrito, “para mostrar que nem mesmo o mais forte e melhor dentre vocês é páreo para o poder do Capitol”.

Uma coisa interessante que o livro mostra é a forma como os jogos deixaram cicatrizes emocionais e psicológicas nos sobreviventes. Peeta também tem dificuldade de entender que Katniss não tinha sentimentos definidos por ele, e tinha feito o teatro dos amantes como forma de sobreviver. Conformada com o futuro que vai forçar a convivência dos dois, Katniss acaba cedendo e se aproximando de Peeta, mesmo tendo bastante receio.

Enquanto no primeiro livro ficamos impressionados com a carnificina que são os jogos, na juventude dos protagonistas e principalmente na habilidade de sobrevivência de Katniss, nesse segundo livro isso fica em segundo plano: ela passa a primeira parte da história aterrorizada pela possibilidade de que seus entes queridos possam morrer e a segunda parte novamente na arena, para lutar com vitoriosos de diversas épocas.

Acho que o que me incomodou realmente no livro foi essa repetição, nessa quebra tão óbvia das regras que regem o mundo apenas para uma vingança pessoal do presidente (como se colocá-la de novo nos jogos não fosse transformá-la em um mártir de qualquer forma).

Toda a emoção que sentimos no início do primeiro livro, quando vemos Katniss ser preparada para as entrevistas e para os testes que parecem os jogos, diminui muito quando já sabemos o que vai acontecer dentro da arena e fora dela. A diferença é que agora os oponentes são adultos fortes ou consumidos por uma vida de excessos que os vencedores levam. Apesar disso criar mais interesse na vida que os vitoriosos levam, é bastante frustrante ver como Katniss pode fazer muito pouco contra a Capital.

Enquanto na primeira edição dos jogos Katniss era uma dentre muitas crianças, dessa vez ela é a mais nova do grupo. A arena é mais mortal do que a anterior, e Katniss parece não ter idéia do que está acontecendo à sua volta. A narrativa em primeira pessoa deixa as coisas muito mais confusas.

Depois de anos da leitura consolidada, importante dizer que ela melhora com o tempo. A sensação de roteiro repetitivo não é tão importante quando os acontecimentos já estão na cabeça, e a releitura da série foi muito mais agradável anos depois.

Catching Fire (2009) de Suzanne Collins. Série Hunger Games Livro 2

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