Maio 19, 2024
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Depois que li Os Homens que Não Amavam as Mulheres, larguei a trilogia por anos. Afinal, achei o livro meio paradão, sem graça, exageradamente polêmico em partes e bastante idiota em outras. Achei Lisbeth irritantemente apática, Blomkvist muito do insuportável e toda a família Vanger simplesmente clichezada e sem graça.

Mas depois que vi o filme tudo mudou: o roteiro americano do filme de David Lynch Fincher deu vida aos personagens e me deu uma enorme vontade de continuar a ler a série.

Ainda bem.
Tudo o que o primeiro livro tem de ruim, esse segundo tem de bom. O ritmo da narrativa é muito mais envolvente, o mistério é mais interessante, os personagens adquirem profundidade maior e eu passei a me importar muito mais com eles.

A história segue, novamente, o jornalista Blomkvist e a hacker anti-social Salander após o trágico incidente em Hedestad. Salander está construindo uma vida nova com o dinheiro que roubou do corrupto Weneström e Blomkvist entra de cabeça numa reportagem sobre tráfico de mulheres que Dag Svensson, um freelancer, está escrevendo para a revista Millenium.

A primeira parte do livro eu achei meio irregular e irreal – mostra Salander no Caribe tendo um romance com um garoto de 16 anos e salvando uma mulher de ser morta pelo marido durante um furacão.

A segunda parte, que mostra a composição do livro por Blomkvist e Svensson e a aproximação de Salander e de sua amiga Miriam Wu, já é bem mais interessante. Os personagens adquirem mais força e a tensão aparece na forma de Bjurmann, o responsável legal por Salander, que a estuprou e agora morre de medo que ela divulgue o filme que ela fez do evento. Ele decide matá-la e para isso trata de vasculhar o passado dela. Isso coloca uma série de eventos em movimento e joga o livro abruptamente para a terceira parte.

Svensson e sua namorada são assassinados e as digitais de Salander estão na arma deixada no local do crime. Isso desencadeia uma caça às bruxas por parte da polícia e da imprensa que é o que faz a história engrenar.
O leitor não sabe o que aconteceu com Salander, e em vez disso é obrigado a acompanhar todos os detalhes da vida da protagonista através dos olhos dos policiais e dos repórteres que acompanham o caso. O suspense é excelente – o que, afinal, aconteceu com Salander? quais policiais são tapados e quais vão conseguir separar a verdade do lixo que a imprensa publica? será que os responsáveis pelas mortes vão tentar eliminar Blomkvist também? ou será que é a própria Salander a assassina?

Enquanto isso, agentes malignos da vida de Salander começam a se unir quando vêem o nome dela estampado nas manchetes de todos os jornais.
A quarta parte do livro, que eu não vou contar porque é spoiler, é uma aventura de tirar o fôlego e que faz com que o leitor seja incapaz de 1) largar o livro e 2) não pegar o próximo da série logo em seguida.

Um excepcional livro de romance policial por um autor que finalmente mostra a que veio: cada personagem que aparece recebe uma descrição que o torna palpável e humano; a trama se desenrola de forma a deixar o leitor sempre no suspense (com exceção da primeira parte do livro, que é idiota); o final é bem construído e deixa todas as pontas para serem fechadas no próximo volume.

Se você gostou do primeiro livro, é impossível que não goste desse. E se você, como eu, não se empolgou muito com o primeiro, dê mais uma chance ao autor e deixe-se levar por essa excelente série.

Flickan som lekte med elden (2006)

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