Maio 19, 2024
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Eu já devo ter falado antes que eu sempre prefiro os contos do Rex Stout aos romances. Ao contrário da Agatha Christie, Stout lida melhor com contos pequenos em que as coisas são descobertas rápído, enquanto com romances ele fica enrolando e Wolfe fica mais chato do que o normal.

Só que com os contos, como eles foram publicados em coletâneas de três ou quatro, sempre tem algum mais ou menos. Nessa coletânea, dois são mais ou menos e um é a obra prima de todos os tempos que o Stout escreveu, então acaba compensando.

O primeiro conto, Home to Roost, é sobre um jovem que foi assassinado, envenenado numa festa. A tia dele, uma chata, acha que ele foi assassinado por comunistas, que descobriram que ele era um espião do FBI. Ela quer que Wolfe descubra quem matou o garoto e, quase mais importante, prove que ele não era comunista. O FBI, quando perguntado se o garoto trabalhava pra eles, dá uma de neutro e não fala nem que sim nem que não. E o tio do garoto – assim como os amigos dele – falam que o jovem era comunista sim e que quando a tia, conservadora, rica e sustentadora dele, descobre tudo, ele tenta sair pela porta de emergência dizendo que ele finge ser comunista mas na verdade trabalha pro FBI. Dessa forma ele consegue manter a tia tranquila e pagando as contas dele.

O segundo, The Cop-Killer, é a obra prima do universo. No começo o conto parece ser nada de mais, com dois funcionários de um salão de cabeleireiros vindo até Wolfe porque um policial foi até o salão e eles são ilegais no país e eles acham Wolfe um grande homem e eles querem que Wolfe os ajude a se esconder para não serem deportados.
Querendo ajudar, Archie vai até o salão pra ver o que tá pegando e encontra o tal policial morto com uma tesoura de cabeleireiro nas costas, uma muvuca no lugar e vários policiais em volta, inclusive o inspetor Cramer, que fica bem irritado de topar com Archie por ali.
O toque de gênio vem com Janet, a manicure, que, sabe-se lá por que, encanou no Archie e diz pra polícia que só vai responder perguntas dele. Janet é a obra prima, e o olé que ela dá nos policiais – mesmo sem querer – é de chorar de rir.

O terceiro conto, The Squirt and the Monkey, trata-se de um cartunista famoso que quer descobrir quem roubou sua arma. Ele pensa num esquema de fazer isso usando uma arma de Archie, idêntica à dele, pagando $100 pelo privilégio. Várias pessoas andam pela casa dele, que é também o estúdio, e ele tem um macaco de estimação. Claro que um desafeto dele aparece morto por uma das armas – a dele ou a de Archie?? – e agora o macaco está segurando o revólver e não quer mais soltar. Um conto meio surreal – aparentemente o autor não tinha uma idéia muito feliz sobre artistas – mas que segura a onda.

Uma leitura interessante e divertida que ajuda a passar o tempo.

Triple Jeopardy (1952) de Rex Stout

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