Maio 19, 2024
Home » The Black Ship | Diana Pharaoh Francis

Nessa continuação de The Cipher, os personagens são outros. O principal deles é Thorn, um piloto de navio que é raptado para servir num barco ilegal.
Mas antes, um pouco de ambientação.

Crosspointe é um próspero reino que vive do comércio marítimo. Fica numa ilha rodeada por um mar hostil que possui, entre outras coisas, correntes mágicas que transformam o que tocam em monstros, barreiras de coral que se levantam de repente, furando os cascos dos navios e monstros imensos que abrem a bocarra para beber água e causam redemoinhos colossais. Isso sem falar nas tempestades e outras coisas comuns no mar.

Então nenhum dos reinos em volta de Crosspointe consegue navegar por esse mar assassino, fazendo com que o comércio seja exclusividade da ilha, que tem duas coisas a seu favor: as bússolas mágicas e os pilotos.

As bússolas mágicas são enormes artefatos que são colocados no navio e possibilitam ao piloto a previsão dos mares. E os pilotos são pessoas especiais que conseguem ler a bússola e sentir o que vai acontecer no oceano à sua volta. Não se navega sem uma bússola e um piloto, e pilotos só nascem em Crosspointe e bússolas só são produzidas pelos magos do rei de Crosspointe.

Isso faz com que os pilotos formem um grupo arrogante e orgulhoso que se reúne uma vez por ano para discutir assuntos da atualidade e receber as ordens de quem vai servir em qual navio.
Sylbrac é um desses pilotos, mas ele não tem a mesma arrogância dos outros: ele já foi menino de rua e marinheiro, e sabe que se um navio sem piloto não navega, um navio sem uma boa tripulação não está muito melhor. Ele despreza e hostiliza seus colegas pilotos pois acha que todos são uns almofadinhas irritantes. Só que ele não tem muito bom senso e bate de frente com o pessoal que manda na coisa toda.
E o pessoal que manda na coisa toda “vende” Sylbrac para os crimpers, os sequestradores escravocratas. Sylbrac é raptado por um grupo de homens e levado ao outro lado da ilha. No caminho, ele descobre que os seus raptores são marinheiros de excelente qualidade, que o estão levando a um black ship, navio ilegal, e que a responsável pelo navio é uma feiticeira de imenso poder que diz a ele que ele vai embarcar de qualquer forma, mas ela gostaria que Sylbrac servisse lealmente pois a missão que ela queria que ele cumprisse tinha a ver com a morte do irmão dele, alguns meses antes.

Sylbrac, ansioso por saber onde a morte do seu irmão querido se encaixava naquilo tudo, revoltado contra os pilotos que o traíram, louco para voltar para o mar e confiante na capacidade dos seus raptores marinheiros, decide mudar de nome e recomeçar sua vida como Thorn a bordo do Eidolon.


Só aí que a parada começa, já que o Eidolon está longe de ser um navio muito pacífico: o capitão é louco, os marinheiros são desesperados que não têm mais para onde ir, os marinheiros superiores (o contra-mestre, o imediato e dois outros) – os mesmos que raptaram Thorn – são chamados de charmers e odiados por todos e Thorn imediatamente causa o ódio de todos ao levar um gato para o navio e assoviar a bordo (dois sinais de extrema má sorte).

E mesmo quando Thorn aos poucos vai ganhando a confiança do capitão e da tripulação, o mar não está fácil e tanto Thorn quanto o capitão Plusby chegam às pouco relaxantes conclusões de que 1) o navio está carregando bússolas ilegais que podem cair nas mãos dos inimigos de Crosspointe e 2) há um sabotador a bordo que furou os barris de água e colocou um amuleto da morte em Thorn.

O livro não tem um segundo de folga. Cada vez que você acha que os personagens vão ter um momento de paz, surge algum perigo marítimo, ou Thorn desmaia por causa do amuleto da morte e o navio fica sem piloto e quase afunda. E tem também os Jutras, horrendos inimigos de Crosspointe, que costumam matar os capturados num altar de sangue à la Indiana Jones e o Templo da Perdição só que pior. São esses Jutras que começam a perseguir o Eidolon cada vez que ele tenta buscar um local seguro para aportar.

O meu problema foi só com a linguagem. Porque vamos combinar que, por melhor que seja meu inglês, misturar termos náuticos com os bichos fantásticos que a autora inventa é demais pra minha cabecinha. Chegou uma hora que eu passei a classificar as coisas assim: isso tem a ver com o navio, isso é algum monstro, isso é alguma coisa a ver com magia, etc.
Não chegou a prejudicar meu entendimento da história, mas eu não conseguia visualizar a ação assim tão bem.

De qualquer forma, Thorn é um excelente personagem: sarcástico, corajoso e muito do desencanado (além de ter um gatinho!), consegue gerar simpatia a partir da primeira cena. A trama, que de início parece nada ter a ver com o primeiro livro, aos poucos vai ficando mais complexa, até que uma aparição de Lucy Trenton liga todas as pontas e prepara o leitor para o final épico da trilogia.

Piratas, magia, navios e ambientação do século XVIII; personagens inteligentes; ação bem construída.
Esse livro é, como dizem na Amazon, um page- flipper. Se você gosta do gênero, não tem como se desapontar.

The Black Ship (2008)

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