Maio 19, 2024
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“Se Patrick O’Brian escrevesse fantasia, esse seria o resultado”.
Foi essa frase na contra-capa que me fez comprar o livro (mesmo que eu já estivesse bem empolgada com a idéia de navios mágicos, piratas e dragões).

Então apresentemos a família Vestrit, integrantes da nata dos mercadores de Bingtown: os liveship traders. Liveships são, como a tradução literal sugere, navios vivos, feitos de madeira mágica. Cada liveship tem uma personalidade única, que é moldada tanto pela figura de proa do navio quanto pelas memórias e sentimentos dos capitães que o comandam. Os liveships são mais velozes, mais facilmente manobráveis e simplesmente melhores do que os navios de madeira comum, e toda família que possui um liveship tem o futuro garantido.

O primeiro livro da série segue as aventuras da “recém-nascida” Vivacia, o navio da família Vestrit, perdida num mar de desapontamento e dor quando seu capitão, Ephron Vestrit, morre e deixa sua família brigando pelo navio.
Kyle, genro de Ephron, quer usar o navio para transportar escravos e ficar rico.
Althea, a filha mais nova de Ephron, quer apenas estar junto de Vivacia, a quem considera como sendo da família, e não para diante de nada para conseguir o que quer.
Wintrow é filho de Kyle e de Keffria, filha mais velha de Ephron, e não quer nada além de continuar seus estudos no mosteiro, mas Kyle sabe que o Vivacia só navegará com um descendente de Ephron dentro do barco e obriga Wintrow a ficar.
Enquanto isso, o pirata Kennit decide que vai capturar um liveship custe o que custar, e o Vivacia, com os escravos, as brigas entre pai e filho e a ausência de Althea, parece ser um navio excelente para ser capturado.

Assim que embalei no livro não consegui mais largá-lo. A narrativa é extremamente cativante, a aventura, a ação e o suspense são de tirar o fôlego e os elementos misteriosos, como os habitantes do rio Rain Wild e as serpentes marinhas, prometem nos deixar ainda mais aflitos nos próximos volumes.
As cenas de batalha naval e a vida no mar são, de fato, muito realistas, mesmo com o elemento fantástico, mas os personagens não deixam de ser complexos e cheios de nuances.
Meus favoritos são Paragon, o liveship enlouquecido, e Ronica, a matriarca dos Vestrit, que após a morte do marido é obrigada a se virar para conseguir pagar as dívidas da família – a mais importante delas sendo a dívida que tem com os construtores do Vivacia, que exigem pagamento “em ouro ou sangue”.

Acho que o mais atraente no livro é o fato de que os personagens, como são tão reais, são completamente imprevisíveis, e fica-se sempre no suspense de realmente não se saber o que vai acontecer agora. Ou seja, a ambientação, apesar de ser de fantasia, é muito real; sentimos que os problemas dos personagens poderiam acontecer de verdade. Esse é um dos livros que exemplificam a citação daquele famoso autor que diz que a fantasia só vale a pena se for descrita de forma tão ‘real’ que acreditamos que, naquele mundo, as ações dos personagens são reais – e isso faz com que nos aproximemos deles de forma que não conseguiríamos fosse a narrativa menos convincente. A idéia dos liveships é muito boa, mas seria apenas uma boa idéia se não fosse sustentada pela narrativa impressionante da autora.

Para quem gosta de aventuras, fantasias ou simplesmente de um bom livro, essa é uma série que vale a pena.

Ship of Magic (1998)

1 thought on “Ship of Magic | Robin Hobb

  1. Olá Mulher Atômica, eu adoro a “Liveship Traders Trilogy”. Mas se você deixar de ler a “Farseer trilogy”, sempre haverá um buraco em seu coração. :DEu li todos os livros que estão conectados a série, e ainda me lembro como eu amo o Fitz e como vivi suas aventuras.

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