No final do primeiro volume da série, Heart of Light, o grupo enorme de aventureiros que conseguiu encontrar a pedra do título resolve que Nigel ficará com a pedra, zanzando pelo mundo para que os malvados não o encontrem, e Peter irá atrás da pedra gêmea, Soul of Fire. Depois os dois irão juntar as pedras e levá-las para o local secreto no coração da África.
Minhas considerações sobre o primeiro livro foram que o romance sem graça e a infinidade de pontos de vistas de personagens atrapalharam a ambientação interessante.
A história se passa na Índia durante o império vitoriano, mas numa história alternativa em que a magia existe e metamorfos andam soltos por aí. Na Inglaterra, metamorfos são considerados monstros e imediatamente executados quando descobertos, mas na Índia existem diversos grupos que se escondem dos ingleses e tem verdadeiras nações.
Sophie é uma jovem anglo-indiana desesperada para fugir de um casamento arranjado com um rajá local maligno.
O maravilhoso Peter Farewell, lorde inglês que tem o infortúnio de ser um metamorfo dragão, resgata Sophie por acaso e resolve ajudá-la, sem saber que ela na verdade é peça chave na sua busca pela pedra Soul of Fire.
Outro personagem que tem ponto de vista é William, um soldado inglês que conheceu Sophie em Londres. Ele faz parte do serviço secreto, e foi enviado para a Índia para descobrir a pedra Soul of Fire (já que Nigel e Peter sumiram sem dar notícias para a rainha). Ele tem o dom da premonição, e está certo de que vai haver uma rebelião de nativos e vamos todos morrer.
Por fim também temos Lalita, a dama de companhia de Sophie, que no começo parece uma jovem indiana irreverente mas depois descobrimos que ela é herdeira do trono do reino dos homens-macaco. Ela recebe ordens do rei seu tio de ir atrás de Sophie e da pedra, e de impedir os homens-tigre que estão atrás disso tudo também. Os homens-tigre, inclusive, são os que iniciam toda a confusão, já que o rajá malvado de quem Sophie foge é na realidade o rei dos homens-tigre
Já somos quantos? Peter, Sophie, William e Lalita. Bem menos do que os do primeiro livro, mas desses quatro só Peter é levemente interessante – e mesmo ele se perde em choramingos de que ele está apaixonando pela Sophie que é uma jovem de boa família e nunca vai querer ficar com um homem-dragão que ainda por cima é um assasino blabla. Sophie é a garota mais imbecil da face da terra, só faz decisões estúpidas e coloca sempre tudo a perder. Lalita é legal, mas logo no começo ela é obrigada a ficar andando com um dos agentes do tio dela, que é jovem, bonito, fica chamando ela de princesa de forma irônica e gera diálogos sem graça e um romance forçadíssimo. William tem a parte menos interessante, já que fica o tempo todo surtado com as visões dele em que ninguém acredita.
Eu até entendi a tentativa dela de mostrar ‘o outro lado’ da rebelião indiana. Mas desde o início o livro me incomodou pela visão colonialista. Não adianta muito você colocar personagens falando que os indianos devem se auto governar se todos os protagonistas são ingleses, né. Ai, mas a Lalita é indiana, e a bisavó da Sophie também era (sério ahaha). Mas os dois grandes heróis da história são quem? Nigel e Peter, os dois nobres ingleses que são os únicos capazes de salvar o mundo.
A história do William, no entanto, apesar dele ser um mala, deu um peso maior para o livro, com essa discussão sobre os motins e os problemas da colonização inglesa, além de colocar os homens-elefantes, que eu adorei, e de brinde ainda mostrar um casal gay! Não foi aquela execução primorosa em nenhum dos casos, mas acho importante dar pontos pela tentativa.
Eu gosto da Índia vitoriana. Eu gosto da ambientação da autora. Eu gosto do Peter Farewell. Isso quase foi o suficiente para redimir o livro dos problemas, mas não totalmente. No fim das contas, ficou um segundo volume infinitamente melhor do que o primeiro, mas ainda assim bastante irregular.
Soul of Fire (2008) de Sarah A. Hoyt. Série Magical British Empire Livro 2