Maio 19, 2024
Home » Heart of Light – Releitura | Sarah A Hoyt

Esse é o primeiro livro de uma trilogia que se passa numa era vitoriana alternativa, onde a magia toma conta do mundo. O casalzinho em lua de mel se vê envolto numa trama internacional para recuperar uma joia mágica, a Heart of Light, que pode mudar o destino do império.

Logo de início o livro desapontador, já que a resenha da contracapa e a resenha da própria autora me levaram a crer que esse seria um livro completamente diferente. No site da autora, ela propagandeia a própria série como sendo uma série de fantasia steampunk ambientada no Império Britânico ao mesmo tempo em que seria um tipo de Indiana Jones misturado com dragões e tapetes mágicos no Império Britânico Colonial! Enquanto isso, a contracapa do livro fala de um jovem casal inglês, Nigel e Emily, que vai passar a lua de mel no Cairo. Mas Nigel na verdade faz parte do serviço secreto de Sua Majestade, e foi enviado para a África para recuperar um valioso rubi que pode mudar o curso da magia no mundo.

No entanto, o livro na verdade é um grande romance de mal entendidos que simplesmente não prendeu meu interesse. O cenário que ela criou é bem legal, permeando a história da Inglaterra e da Europa em geral com eventos mágicos de forma bastante convincente. Apesar de toda a fantasia e magia e dragões e deuses, ela não se desviou dos dilemas morais e culturais da época, o que deixa a narrativa bastante intrigante. A trama da busca pela pedra é boa, apesar do número excessivo de personagens, o que faz com que o livro tente mostrar um final pra história de todo mundo e nem sempre isso dá certo. Além disso, a mudança excessiva de pontos de vista na narrativa me irritou consideravelmente. Nigel e Emily já são uma dupla de protagonistas, e saber o que um pensa do outro e não ver os dois se falando já é suficientemente aflitivo sem ter que ler os dilemas morais de Peter, Kitwana, Nassira e nem sei mais quantos personagens.

Como se não bastasse, os ‘personagens principais’ acabam sendo irritantes e perdendo o charme não só pelo GRANDE MAL ENTENDIDO (os dois fazem suposições aleatórias um sobre o outro mas são incapazes de sentar e conversar a respeito) mas também pelas questões morais do século XIX: Emily é uma típica moça inglesa de boa família da época. Ela é tímida, fala baixo, se veste sempre com ‘propriedade’ e chora toda vez que Nigel a deixa sozinha e ela tem que decidir algo sem a opinião dele, já que ela foi ensinada que a vida dela será obedecer ao marido.
Nigel, por sua vez, é um inglês preconceituoso, inseguro e covarde, que mesmo temendo pela vida da esposa a leva para o meio de um bando de radicais contra o império e depois fica se sentindo culpado.

Felizmente Peter Farewell aparece logo e as coisas começam a ficar animadas. É por esse personagem, o melhor amigo de infância de Nigel, que o livro acaba valendo a pena. Sardônico, corajoso, inteligente, bonito e um aventureiro de marca maior – além, é claro, de ter sangue azul – ele virou meu personagem favorito desde o primeiro momento em que apareceu. O fato do segundo livro ter ele como personagem principal me animou consideravelmente e me fez me forçar a terminar esse.

A originalidade do cenário; a forma como cada nação lida com magia; a tecnologia baseada em poderes mágicos (por exemplo, a história começa com o casal viajando para o Egito num tapete voador de luxo): tudo isso fez com que eu quisesse muito gostar desse livro. Mas infelizmente o livro é destruído pelos protagonistas bobos, pela enorme quantidade de mudança de pontos de vista, e pelo romance idiota que toma conta das páginas e obriga a trama da busca pela pedra mágica a ser compacta e ter resolução insatisfatória.

A curiosidade da vez é que a autora na verdade é portuguesa, Sara D’Almeida, e vive nos Estados Unidos escrevendo fantasia.

Heart of Light (2008) de Sarah A. Hoyt. Série Magical British Empire, Livro 1

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