Maio 19, 2024
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Esse é mais um livro da Agatha Christie com narrativa pouco convencional para o gênero. Em vez de começar com o assassinato, o livro mostra a vida de várias pessoas que só vão se encontrar lá quase no final do livro, quando alguém finalmente é morto de forma brutal. Essa característica deixa o livro mais interessante, pois não queremos apenas saber quem é (ou vai ser) o assassino, mas também quem será morto, quem está agindo de forma dissimulada e quem tem segundas intenções antes mesmo do crime ser cometido.

Enquanto quem lê fica cheio de ansiedade, a narrativa apresenta os personagens da trama. Primeiro, o triângulo amoroso: o bem sucedido jogador de tênis Nevile Strange, bem apessoado e atraente. Sua segunda esposa exuberante Kay, jovem e impulsiva. A ex-esposa Audrey, séria, discreta e distante.

Lady Tressilian é uma senhora inválida que gosta de receber hóspedes em sua propriedade à beira mar, mas fica irritada quando Nevile, protegido do seu falecido marido, propõe uma reunião entre Audrey e Kay, chamando as duas para passar a temporada em Gull’s Cove. Lady Tressilian tem certeza de que isso não vai ser agradável. Como se isso não bastasse para criar desconforto, vão parar lá o amigo da família Thomas Royde, que sempre gostou de Audrey, e o jovem esportista Ted Latimer, que é apaixonado por Kay.

Os aparentemente desconectados Mr. Treves, o advogado, e Andrew MacWhirter, um suicida mal sucedido, trazem mais movimento a pontos importantes da história.

Achei muito interessante a forma como a autora se aproximou do assassinato. O título da história faz referência ao comentário de alguns personagens, dizendo que os romances policiais começam com o crime, quando na verdade deveriam começar bem antes, com todos os pontos que levaram ao assassinato convergindo até chegarem no momento em que o crime acontece: a Hora Zero (zero hour), de onde não se pode voltar atrás.

A autora consegue com facilidade criar esse monte de personagens com características distintas, ao mesmo tempo que nos brinda com muitas pistas falsas, vários suspeitos, revelações no último instante e a tradicional reunião onde o detetive revela tudo.

De forma geral, é um livro que me divertiu mais pela forma diferente com que a narrativa demorou para chegar no assassinato do que pelo mirabolante plano da pessoa que cometeu o crime. De qualquer forma, é uma boa pedida, especialmente para aqueles que curtem a ambientação de aristocracia decadente em que a autora se especializou. Recomendo.

Towards Zero (1944) de Agatha Christie. Detetive Superintendente Battle livro 5.

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