Maio 19, 2024
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Acadia é um reinozinho que é sustentado pelo comércio de navios, pois fica no único porto por milhas de distância e tem uma excelente estrada que leva ao centro do continente.
Andromeda (Andie, para os íntimos) é a princesa, mas por ela não ser bonita sua mãe a deixa de lado. O hobby de Andie é ler, e numa pesquisa na biblioteca real ela descobre que 1. a coroa fica com um terço de todos os bens que chegam à praia após um naufrágio e 2. existe alguma magia climática muito forte acontecendo que fez o número de naufrágios triplicar nos últimos anos.

E aí um dragão aparece e exige o sacrifício de uma virgem semanalmente – só que as garotas que estão sendo sacrificadas são convenientemente filhas dos inimigos da coroa.
E quando Andie começa a perceber que talvez sua mãe e o conselheiro maligno dela possam estar por trás de tudo, Andie é a sorteada para ser sacrificada!

E quando ela é amarrada no poste do sacrifício e o dragão se aproxima, um cavaleiro armadurado entra em cena para lutar com o dragão!
O dragão foge voando, e o cavaleiro, que diz se chamar George, é um jovem bem mal educado que está desesperado para que Andie não se apaixone por ele.

Porque, e isso quem já leu o primeiro livro da série já sabe, existe uma magia muito forte nos *Five Hundred Kingdoms* que é A Tradição, que meio que força os acontecimentos para um caminho “tradicional”; exemplo: a princesa se apaixona pelo cavaleiro que a resgata do dragão.

Aí Andie descobre que o cavaleiro é uma cavaleira, Georgina (Gina, para os íntimos), e elas duas encontram o dragão, que é bonzinho e foi forçado a fazer o “dragão do sacrifício” pelo mago maligno mas na verdade ele só trouxe as sacrificadas para um lugar seguro e todas são amigas.
E aí Gina resolve que vai usar o poder da Tradição para formar o “exército de pés-rapados que luta contra o rei tirano”, salvar o reino e colocar Andie como rainha – e enquanto isso Andie se sente estranhamente atraída pelo irmão mais novo do dragão-do-sacrifício, que é um dragão-dos-livros (é bem pior em inglês) e começa a gostar dele.
Será que a Fada-Madrinha Elena (que conhecemos no primeiro livro) e seu amado Alexander conseguirão ajudar Gina e Andie a vencer a rainha tirana?
Será que o exército de garotas conseguirá lutar com a guarda do palácio?
E será que o mago maligno vencerá?

Daí que eu já tava irritada porque fui obrigada a ficar assistindo comediante *stand-up* fazer piada homofóbica na convenção nacional da minha empresa, e além disso o primeiro livro dessa série estava indo muito bem até soltar homofobia no final – só que como o livro era muito bom, dava pra relevar.

Só que além desse livro ter a homofobia da autora muito mais evidenciada (por afetar a trama principal), o livro é muito ruim e conseguiu estragar um dos meus elementos favoritos da fantasia medieval, que é moça-se-apaixona-por-dragão.

Vamos aos problemas? O primeiro deles é que Gina é uma garota. Que é uma cavaleira. Que vai lutar com um dragão. Pretty awsome, right? E aí ela fica preocupada com a Tradição fazer com que Andie se apaixone por ela – uma preocupação legítima, já que seria um amor “artificial”. Aí Andie descobre que ela é uma garota, e solta: “Bom, pelo menos agora você não precisa se preocupar de eu me apaixonar por você.” Ou seja. “Uma mulher se apaixonar por outra mulher é impossível”. Não existe. Não é “tradicional”. Não é sequer imaginável.

Complicado se divertir com um livro que (além de ruim) diz que a sua realidade “não existe”. E esse livro tem crianças e jovens como público alvo! Imagina o que é crescer sem ver sua realidade como sendo aceitável *numa obra de ficção*.

Ela conseguiu estragar personagens bastante interessantes, que poderiam ser consideradas “feministas”, mas depois disso não rola. Talvez, se eu não estivesse recentemente saída da tal convenção, nem teria me importado tanto. E certamente não teria me importado tanto se o livro fosse melhor (afinal, os outros dois livros dela têm passagens problemáticas e eu não me importei tanto).

E aí tem toda a questão do romance. Eu sinceramente acho que essa mulher escreveu esse livro fazendo outra coisa ao mesmo tempo. Porque não é possível que alguém que tenha escrito “The Fairy Godmother” e “Joust”  tenha escrito isso aqui também. Os personagens são sem graça, o romance é mal construído e a trama só funciona até Andie e Gina chegarem nos dragões – que é quando o romance começa.
Até Elena e Alexander, que já conhecemos de outro livro e já gostamos deles, aparecem aqui sem sal e sem vida. Pode ser que no outro livro a tensão romântica fosse mais inspiradora, e casais fofos que se gostam não são o forte dela quando se trata de diálogos.
Mas em geral o livro é muito do mal escrito, a terceira parte é insuportavelmente previsível e mal amarrada e parece que a autora estava mais preocupada em terminar o livro rápido do que terminar o livro bem.

Fiquei extremamente irritada pelas idéias homofóbicas da autora, pela trama promissora que terminou de forma boba e pelos personagens idiotas. Senti que perdi meu tempo.

One Good Knight (2006) de Mercedes Lackey (EUA)
Série Five Hundred Kingdoms Livro 2

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