Maio 18, 2024
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Katya é a filha mais nova do Rei do Mar. Num mundo onde a magia da Tradição força o futuro de todos, ela sabe que tem um destino incomum pela frente. Enquanto ele não chega, no entanto, ela se diverte sendo a espiã da família real, em missões em todas as partes do mundo. Inclusive no seu lugar favorito: a superfície.

Sasha é o sétimo filho do rei. Isso faz com que a Tradição o transforme em um “fortune’s fool”, ou seja, no filho bobo que tem o destino de ser humilhado pelos irmãos e pelo pai, ser chutado de casa com apenas um pão velho, e conseguir proezas com sua bobice e seu bom coração. Mas Sasha é um estudioso da Tradição e usa a proverbial sorte dos bobos-da-fortuna para fazer do seu pequeno reino um lugar próspero e sem muitos problemas. Sua família o trata bem nos momentos particulares e mal na frente dos outros, para manter a Tradição “enganada”. Um dia, quando ele está fazendo a ronda do reino, ele para na beira do mar para chorar sua solidão e dá de cara com Katya, que foi enviada pelo pai para descobrir porque o reino de Sasha é tão calmo.

Sasha e Katya se sentem imediatamente atraídos um pelo outro e resolvem se casar. Só que a próxima missão de Katya pode não só mantê-los separados por mais tempo do que imaginavam como também destruir uma boa parte do mundo.

O livro começou bem. Tenho um fraco por histórias de sereias, e o reino de Katya no fundo do mar é descrito com muita beleza e graça. E quando a narrativa nos apresenta Sasha, que é um garoto esperto e engraçado, achei que o romance dos dois seria uma boa. Só que aí a coisa toda desandou, porque parece que a autora quis contar todas as histórias do mundo em um lugar só.

Tem um momento lá no fim da história que a Katya vai precisar de um pássaro de origami mágico. Isso faz com que uma boa parte do livro seja gasta em uma aventura longa e sem graça pela qual Katya passa e ganha o tal pássaro como recompensa; Sasha, por sua vez, está salvando o reino de uma assombração pouco ameaçadora. Eu entendi que isso foi pra mostrar a rotina básica de Katya e Sasha, mas achei que foi desnecessário e entediante: eu SABIA que alguma coisa mais séria ia acontecer, então ler as aventuras que eu sabia que iam acabar bem não foi exatamente empolgante.

O romance deles também acontece rápido demais e não sofre nenhum tipo de obstáculo. Eu esperava um pouco mais de conflito nessa parte. Eles formam um casal fofo, e “salvar a Katya mesmo que ela não precise de ajuda” parece um bom objetivo para Sasha. E isso nem teria me incomodado tanto se não fosse o resto do livro.

E aí acontece o problema real (lá pela metade do livro): um Jinn veio de algum outro lugar e toma posse do castelo do Katchei (o que quer que seja isso), e está raptando garotas que têm poder mágico para roubar a magia delas e transformar tudo em deserto. Katya é enviada pelo pai para descobrir o que está acontecendo e seu plano ninja é ser raptada também. E aí Sasha decide ir salvá-la.

Bom, conflito estabelecido, agora precisamos resolver, certo? Certo. Então aí o Sasha vai direto ao castelo pra tentar achar uma forma de destruir o Jinn… não, péra. Ele não faz isso. Ele vai fingir ser um surdo-mudo pra conseguir ser pego por uma bruxa louca. E depois vai ser preso pela Rainha da Montanha de Cobre. Enquanto isso, a Katya está lá, presa com todas as garotas, e fazendo amizade com todo mundo, e tentando descobrir como acabar com o Jinn.

No fim da coisa toda, a mulher colocou todos os personagens dos livros anteriores e mais alguns, deu um destino maior que a vida pra todas as (tipo dez) garotas que o Jinn raptou, e fez o Sasha dar a volta ao mundo pra conseguir chegar no castelo e aí sim tentar derrotar o Jinn. Muito, muito tempo pra ler tudo isso. E tudo na superfície, porque o mundo do mar lindo ficou pra trás lá no primeiro capítulo – uma pena. E ainda por cima tem o tom infantil da história que briga com as insinuações sexuais: gente, OU você faz um conto de fadas com trama infantil, OU você faz um romance com cenas hot. Uma hora eu achava que estava lendo um “filme da Disney” e logo depois era “o rosto dele corou quando pensou nela. Na verdade, mais do que o rosto, fazendo com que ele pensasse como era possível que o sangue se concentrasse em mais de uma parte do corpo“. Tipo. Não.

O livro começou tão bem, e depois se perdeu na trama, nos personagens, no tom… O final é bonitinho, mas quase não terminei de ler de tão entediada. Uma pena.

Fortune’s Fool (2007) de Mercedes Lackey. Série Five-Hundred Kingdoms Livro 3

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