Maio 19, 2024
Home » Duna | Frank Herbert

Um clássico da ficção científica com uma história excelente e uma ambientação maravilhosa.

No futuro distante, a humanidade voltou ao medievalismo religioso. O Imperador controla a galáxia através de seus soltados extra-malignos Sardaukar, a Guilda controla as viagens interplanetárias e Duques governam os planetas. E tudo isso gira em volta de Arrakis, o planeta deserto, também chamado de Duna, pois lá é o único planeta onde existe a especiaria, que movimenta toda a economia, comércio e transporte no universo. Nos desertos eternos do planeta, cheios de imensos vermes da areia que são maiores que uma nave espacial, os governantes de Arrakis furam a areia em busca do famoso pó, que depois é vendido com lucros estratosféricos.

Arrakis é onde vai morar o protagonista, Paul Atreides, quando seu pai, o duque Leto, é enviado pelo imperador para governar o planeta. Apesar da certeza de que se trata de uma armadilha de seus inimigos mortais, os Harkonnen, o duque Leto é obrigado a aceitar as ordens do soberano. Junto com seu filho único Paul, o duque leva a mãe do garoto, sua concubina Lady Jéssica, que foi treinada por uma organização que almeja a perfeição genética dos líderes e trabalha cruzando linhagens e utilizando profecias.

Quando o duque Leto é assassinado pelos Harkonnen, conforme todos esperavam, Paul e a mãe conseguem fugir para o deserto e se unem aos freemen, os nativos de Arrakis. É entre os freemen que Paul encontra o destino que o aguarda: líder, profeta e semi-divindade em meio aos desertos infindáveis e os misteriosos e terríveis vermes da areia.

O livro é denso, longo e bastante complexo – Paul tem visões premonitórias desde muito cedo, e o leitor pode se confundir com tanto vai e volta, já que o passado e o presente se misturam na mente do protagonista. Além disso, são diversos personagens, em planetas diferentes, com nomes, religiões, profecias e idiomas diferentes. O autor lida com isso muito bem, no entanto, e apesar das mais de 500 páginas, é um livro que passa rápido porque a história é incrível.

O protagonista Paul é meio cansativo pela característica de super-herói salvador do universo, mas as reflexões dele são válidas: na ânsia de evitar uma guerra interplanetária, ele por um lado morre de medo de perder aqueles que ama e por outro lado precisa ter pulso firme para conseguir salvar sua família e seu planeta. Em um certo ponto da narrativa, ele percebe que está se tornando uma lenda viva e não pode fazer nada para evitar, e decide que o melhor é se aproveitar das histórias que contam a seu respeito.

Se Paul é meio chatinho, os outros personagens não sofrem do mesmo mal: os políticos do imperador, a mãe  Lady Jessica, a irmã doidinha do Paul, os freemen – são todos personagens memoráveis e interessantes.

Mas o que ganha todos os prêmios é a ambientação: Arrakis é um planeta fascinante. O autor conseguiu dar vida a todo um eco-sistema que faz sentido (pelo menos para o leitor leigo tipo eu) e suas descrições minuciosas me colocaram lá no meio do deserto com os trajestiladores, a falta de água e a cultura complexa e sensata dos freemen.

Pra quem gosta de ficção científica, o livro é um prato cheio! As duas continuações consideradas mais importantes são Messias de Duna e Filhos de Duna (e daí teve God Emperor of Dune, Heretics of Dune, Chapterhouse: Dune e aí o filho do autor continuou a série pra sempre com o Kevin J. Anderson).

A edição que eu li dessa vez (a outra eu li em inglês faz algum tempo) é da Aleph – maravilhosa, com arte de capa lindona, tradução impecável e duas sequências no box.

Certamente um dos melhores livros que eu já li na vida simplesmente pela ambientação impecável que eu não canso de elogiar. Recomendo!

Dune (1965) de Frank Herbert. Série Duna Livro 1.

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