Na verdade foram dois motivos: 1- um colega meu que gosta de Terry Pratchett falou que esse livro até que era bom e 2 – o filme ia sair e a última vez que eu não li um “fenômeno literário adolescente” porque tenho preconceito mesmo foi Jogos Vorazes e eu comi bola porque o livro é o máximo.
Daí que tanto eu quanto o meu colega estávamos certos. Ele estava certo falando que o livro “até que” é bom. E eu estava certa de passar longe por causa do meu preconceito com teen urban fantasy.
Então vamos lá.
O mundo que a autora criou é bem legal: tem os humanos normais (que, como eu li em inglês, o pessoal chama de mundies); e tem também os demônios, que dispensam apresentações; e tem os fodões shadowhunters, que caçam demônios; e tem também os downworlders, que são meio-humano/meio-demônio, vêem em vários tipos e atendem por nomes mais conhecidos nossos, como vampiros, lobisomens, fadas, feiticeiros e que tais. Os humanos normais acham que estão vivendo num mundo normal, porque todos os estranhos que eu mencionei conseguem se esconder da gente através de magia.
A história também é boa, seguindo a narrativa de Claire, uma garota normal de quinze anos que se sente mal por que é muito magra e muito loira e muito fofa (ela quer ser sexy, tá). E a Claire tem um melhor amigo nerd chamado Simon.
E um dia a Claire vê um grupo de shadowhunters de quinze anos (porque os shadowhunters são fodas desde criancinha) matando um demônio numa balada, e eles ficam surpresos que ela pode vê-los e ela fica surpresa que eles estão matando gente, mas logo todos se conhecem: tem o Jace, que é MUITO GATO mas é grosso, mal-criado e trata a Claire mal e lógico que ela adora, e tem também a Isabelle, que é morena e por isso chata e grossa também, e tem um que eu não lembro o nome que é irmão da Isabelle. Daí eles vão embora, apesar do Jace querer levar a Claire pra um lugar chamado Instituto.
No dia seguinte Claire tromba com o Jace de novo, e aí a mãe dela é raptada, e ela é atacada por um demônio do tipo sapo-lagarto com veneno e spikes, e o Jace a salva e a leva para o Instituto, que é um lugar onde moram os pivetes shadowhunters e o mentor deles, Hodge.
E aí a Claire descobre que provavelmente é meia-shadowhunter, que a mãe dela também era uma, e que escondeu de Claire suas habilidades por anos através de magia, e que um malvadão chamado Valentine provavelmente voltou do mundo dos mortos pra pegar a mãe de Claire por causa de um artefato ninja.
Uma coisa que eu gostei muito no livro é que Claire e os pivetes dela nunca vão atrás do malvadão, porque eles são muito crianças, mesmo sendo shadowhunters fodões, e são deixados de lado mas acabam entrando em confusões mesmo assim – e toca salvarem o Simon transformado em rato de uma gangue de vampiros. Gosto quando pivetes são colocados em seu lugar e não alçados à categoria de salvadores do mundo quando ainda são menores de idade.
Outra coisa que gostei foram os personagens coadjuvantes: Hodge, Luke, Simon, Alec e especialmente Magnus Bane são personagens excelentes que ganham nuances mesmo com pouco tempo em cena.
Só que daí temos os protagonistas.
Meo deooos que coisa chata! O Jace sempre lindão com atitude de bad-boy. A Claire sempre insegura e sarcástica ao mesmo tempo e com uma capacidade incrível de admirar os atributos físicos do Jace nos piores momentos: “precisamos salvar o Simon! Ai, os músculos das costas do Jace se movem de uma forma tão harmoniosa…” MANO, SE LIGA! Tem hora pra tudo, né? A autora acha mesmo que pessoas de quinze anos pensam nos músculos dos gatchenhos do sexo oposto quando em situações de vida ou morte?
Bom, daí tem o Valentine, que TEM UM NOME RIDÍCULO e é o vilão mais clichê dos últimos tempos, e tem o final TOTALMENTE roubado de Star Wars (episódio cinco, tá) e com isso temos um livro que “até que” é bom…
Claro, se você é fã de Crepúsculo e romances adolescentes creepy, ou se você não se importa muito com protagonistas rasos, vai fundo, que você não se desaponta. Mas se você espera personagens um pouco mais interessantes, só recomendo pela ambientação – e me dizem que a outra série da autora que é prelúdio dessa é ainda melhor, porque pega a era Vitoriana com steampunk…
Quando der eu vejo se tenho pique pra ler.
City of Bones (2007) De Cassandra Clare
Trilogia Instrumentos Mortais Livro 1