Maio 19, 2024
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É de conhecimento de todos que a bela viúva Perle doou sua melhor propriedade à Abadia de São Pedro e São Paulo em Shrewsbury.

A condição para que o contrato seja mantido é que todo ano, na primavera, uma rosa branca da roseira atrás da casa seja entregue à moça como aluguel.

Há três anos, desde que perdeu seu marido e seu filhinho, Judith Perle se dedica integralmente ao seu próspero negócio de tecidos e calmamente recusa todos os pedidos de casamento que recebem. Os mais insistentes são o velho tingidor da cidade, que de forma prática oferece a união dos negócios de ambos através do casamento, o jovem empregado de Judith, que acredita poder subir na vida através do casamento; e o jovem Hynde, filho de um dos maiores fazendeiros da cidade, que está no entanto sem fundos por ter sua mesada cancelada após certas estripulias.

A tudo isso o Irmão Cadfael, herbalista da Abadia, assiste com complacência.
Mas o jovem Irmão Eluric, encarregado de entregar o aluguel da rosa branca todos os anos, pede para parar de ter essa tarefa pois está apaixonado pela viúva e não consegue se aproximar dela sem pensar em pecado.

Cadfael, como testemunha do contrato da viúva Perle com a Abadia, é chamado pelo Abade e ambos resolvem que será melhor para todos se o ultra-devoto Eluric, um garoto que foi entregue à vida monástica aos três anos de idade e nunca havia se aproximado tanto de uma mulher, deixar de ter essa tarefa e outro for o responsável.
É decidido que o ferreiro Niall, que ocupa agora a propriedade doada por Judith, será o encarregado de entregar a rosa.

Naquela noite, Eluric é encontrado morto ao lado da roseira destruída.
E naquela tarde a viúva Perle desaparece completamente, levando o xerife Hugh Beringar e todos os homens da cidade numa busca frenética: se a rosa branca não for entrege à viúva no dia de Santa Winifred, o contrato com a Abadia será anulado e mais da metade da fortuna da viúva voltará a ser dela – fazendo com que ela valha o dobro como noiva.

Essa história, que não deixa de ser mais um romance policial, se passa na Inglaterra do século XII e o detetive é o próprio Irmão Cadfael, monge de meia idade que tem uma enorme vantagem sobre seus colegas de claustro: ele se dedicou à vida monástica apenas após ter passado quarenta anos no mundo, como marinheiro, guerreiro e cruzado na Terra Santa. A experiência que ele trouxe dos avançados árabes não só serve para ajudá-lo na sua tarefa de herbalista e médico como também na criminalística possível da época: comparação de pegadas e rastros, medição de casas para descobrir quartos secretos e a boa e velha dedução.

A autora é obviamente uma romântica de marca maior, e enquanto Cadfael já teve seu tempo no mundo e já teve seus romances, os jovens – nesse caso, não tão jovens assim – sempre têm sua chance. Os personagens, ao contrário de muitos dos livros policiais pela aí, recebem um tratamento cuidadoso, sendo possível vê-los diante dos nossos olhos mesmo com a mais breve das descrições.

Um livro excelente tanto para aqueles que gostam de romances policiais quanto para os que gostam dos livros com uma pitada de história – a autora, Edith Pargeter, era historiadora e se especializou na época da guerra civil inglesa que colocou o Rei Stephen contra sua prima Imperatriz Maud pelo torno de Inglaterra e Normandia.

The Rose Rent (1997) de Ellis Peters. Série Crônicas do Irmão Cadfael Livro 13

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