Maio 19, 2024
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A Identidade Bourne, de Robert Ludlum, é um livro de espionagem e mistério com personagens cativantes, ação ininterrupta e uma história interessante. Esse é o primeiro volume de uma série de livros que deu origem a seriados de televisão e filmes hollywoodianos de sucesso.

Um homem é resgatado por um pesqueiro, alvejado e semi-afogado, após uma tempestade na costa da Marselha. Os pescadores o levam para um médico alcoólatra de uma aldeia da região. O médico inglês, apesar de consumido pelo vício, percebe no paciente uma série de características extremamente interessantes. Além de terem atirado nele, ele recebeu um golpe na cabeça, e não tem memória alguma do que aconteceu ou de quem ele é. O médico diagnostica amnésia dissociativa, e os dois passam meses tentando montar o quebra-cabeças da personalidade do paciente enquanto este se recupera. Ele fala mais de um idioma, incluindo alguma língua obscura do extremo oriente. Além disso, ele tem o corpo de alguém que se exercita constantemente, e sabe artes marciais orientais.  E ele tinha um microfilme implantado sob sua pele, com um número de conta em um exclusivo banco na Suíça.

Mas o que será que ele é hein gente

O paciente resolve sair da aldeia de pescadores para tentar descobrir quem ele é. Ele logo percebe duas coisas importantes: suas memórias voltam com imagens fora de contexto acompanhadas de clarões na visão e dores de cabeça absurdas. E ele parece saber coisas que só criminosos profissionais sabem, por exemplo onde e como se livrar de um carro roubado, como conseguir somas exorbitantes de dinheiro através de extorsão, e uma quantidade alarmante de informações sobre armas de fogo.

Após algum esforço, o paciente chega na Suíça, só para descobrir que a conta exclusiva contém uma quantidade de milhões de dinheiros que o faz ficar ainda mais receoso sobre si mesmo. Ao sair do banco, os seguranças o atacam e ele é perseguido por assassinos profissionais, escapando por uma combinação de instinto e sorte. Sua corrida pela sobrevivência o faz pegar uma jovem economista canadense como refém, sem saber que essa moça vai ser essencial para ajudá-lo a descobrir quem é.

Definição de Fast Paced

A primeira coisa que chamou minha atenção no livro é a forma como o autor descreve as cenas. Sua linguagem informal e sua habilidade de encontrar os adjetivos perfeitos fez com que as situações tivessem uma clareza de cinema na minha mente. Não foi à toa que os livros se transformaram em filmes de tanto sucesso. A segunda coisa importante é o suspense cheio de ação. O livro tem mais de 500 páginas e eu li em muito pouco tempo; a forma como a narrativa alterna entre o personagem principal e seus antagonistas é muito efetiva para manter a tensão. Por fim, o tema do jovem sem memória que quer a todo custo descobrir quem é mas ao mesmo tempo morre de medo de trombar com olar você matou duzentas pessoas é um mote excelente para qualquer livro.

Outra coisa que achei interessante foi a pegada idosa da história. Os assassinos especialistas que fazem parte da narrativa são todos ex-combatentes do Vietnã, treinados por ou CIA ou KGB ou alguma organização obscura. Além do fato de que tecnologicamente qualquer história de espionagem que se passa entre os anos 70 e 90 vai soar muito parecida com dinossauros para um leitor em 2021, eu admito que toda essa ‘falta’ de tecnologia me deixou a coisa mais fascinante: tem que ligar de orelhão e esperar alguns segundos para seu contato retornar; tem que usar cheque; tem que verificar sua letra na hora de escrever os números da conta secreta usando fotografias. Pra quem passou horas assistindo séries de TV com procedimentos de cena de crime no início da década de 2010, a falta de tecnologia forense é debilitante ao mesmo tempo em que expande as possiblidades da história.

Machismo temos

O livro tem falhas, é claro. A enorme coincidência do protagonista escolher como refém justamente uma moça que poderia ajudar tanto; o problema do machismo absurdo que estraga o início do relacionamento dos dois; alguns pontos no roteiro que no final ficam sem explicação; a repetição dos mantras do protagonista para tentar se manter estável começam a irritar depois de um certo número de páginas. Mas antes de começar a se preocupar com isso, você já terminou o livro, no frenesi de descobrir o final da história, numa ansiedade que só os melhores escritores de suspense e ação conseguem fazer.

Me diverti muito lendo, e pretendo ir atrás dos outros.

The Bourne Identity (1980), de Robert Ludlum. Série Jason Bourne livro 1

Leia também minha resenha do livro 2.

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