Novembro 21, 2024
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Um campo de oleiro passa das mãos de um nobre para a possessão da Abadia de São Pedro e São Paulo, na Shrewsbury do século XII. O próprio oleiro é um homem de meia idade que ouviu o chamado de Deus e se dedicou ao clero, deixando para trás sua profissão, seu campo e sua enraivecida esposa alguns anos antes.

Quando os empregados da abadia vão arar o campo recém adquirido, descobrem o restos mortais de uma mulher desconhecida.
Cadfael, o monge ex-cruzado, ex-marinheiro que agora é responsável pelo herbário da abadia, fica intrigado com a situação: a mulher fora enterrada com cuidado e certa religiosidade, pois o corpo havia sido colocado em posição de caixão e ela tinha uma cruz de madeira sobre o peito.
O abade Radulfus e o xerife Hugh Beringar tentam descobrir a identidade da mulher, por mais difícil que isso possa ser, já que o corpo não possuía nada que a identificasse além de longos cabelos negros e um vestido simples.

A primeira e principal suspeita recai sobre o oleiro Ruald, que deixou sua esposa Generys para trás quando largou o mundo para entrar na igreja. Mas Generys estava raivosamente viva quando Ruald entrou no clero, e após isso os movimentos dele estavam sob os olhos do prior e do abade, que dizem que ele não teria tido oportunidade de voltar à sua casa para fazer mal a ex-esposa.

O próprio Ruald sente muito que ele não possa ajudar em nada, e sua única culpa é a de ter deixado Generys tão na pior: se ele tivesse morrido e deixado a mulher viúva, ela ainda poderia ter se casado novamente. Mas o que ele fez foi deixá-la sem marido e incapaz de se casar com outro.

Enquanto isso, a luta pela coroa inglesa entre o Rei Stephen e sua prima Imperatriz Maud continua, e os lordes regionais aproveitam a confusão para aumentar suas próprias terras. Num desses ataques traidores, um dos ex-vassalos do rei Stephen ataca um mosteiro, jogando todos os monges pra fora e estabelecendo ali uma base militar. Desesperados, os monges enviam emissários às redondezas, para pedirem ajuda e avisarem do perigo. Um desses emissários é Sulien Blount, um jovem postulante do mosteiro atacado, que volta à sua região natal de Shrewsbury também para poder dar uma olhada na família que deixou para trás.

Família essa que era a antiga dona do campo do oleiro. Sulien inclusive vivia indo à casa de Ruald quando pequeno, e quando descobre que seu velho amigo é suspeito de ter matado a esposa, ele se apressa para vir ao xerife com um anel de prata pertencente a Generys, e uma história de fuga dela com um homem para escapar dos atacantes da região. Generys viva fugindo para o país de Gales não pode ser Generys enterrada no campo do oleiro, e o xerife e seus homens são obrigados a procurar outro suspeito e outra identidade para a morta.

Felizmente, com a ajuda de Cadfael, eles encontram logo um excelente candidato: um mercador ambulante, que tinha uma namorada bonitona de longos cabelos negros que fazia malabarismos na praça para entreter os participantes da Feira de São Pedro. Ele voltou à feira no ano seguinte, mas a namorada não.
Alcançado pelos homens do xerife, o desesperado mercador não parece ter respostas que possam ser comprovadas sobre o paradeiro da mulher, chamada Gunnild.

E pouco tempo depois a própria Gunnild aparece para o xerife, provando que está viva e bem e que qualquer acusação ao mercador não pode ser sustentada.
Curioso diante de uma aparição tão conveniente, Cadfael faz uma pequena investigação, só para descobrir que foi o jovem Sulien quem se deu ao trabalho de descobrir onde estava Gunnild.
Que ele saísse do seu caminho para tentar inocentar um velho amigo como Ruald, todos vêem a justificativa. Já para salvar um mercador que ele nunca viu na vida as razões dele parecem menos claras e deixam o rapaz com uma aparência de culpa inegável.

Mesmo assim, será preciso muito mais do que investigação dos fatos e das provas (e que provas, com um corpo enterrado há mais de ano?) para que Cadfael e o xerife Hugh possam descobrir quem é a moça enterrada e como ela morreu.

E olha. Eu gostei. Gostei do desfecho, gostei dos personagens. Gostei da história.
Mas não dá pra negar que falta alguma coisa. Talvez falte o frescor e originalidade das primeiras histórias da série (afinal, esse é o 17º volume), ou a participação mais ativa de Cadfael – que, nesse, praticamente só observa os fatos se desenrolarem e é um personagem bem passivo. O fato é que, apesar de ser um bom livro, esse fica abaixo dos excelentes Um Gosto Mórbido Por Ossos, Um Corpo a Mais e A Virgem Presa no Gelo. Mesmo assim, recomendo!

The Potter’s Field (1989) – De Ellis Peters (Reino Unido)
Série Crônicas do Irmão Cadfael Livro 17

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