Maio 19, 2024
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Felizmente o site Best Fantasy Books continua a não me decepcionar, e quando dei a louca e peguei um livro aleatório pra ler, acabou que peguei um da lista deles de melhores livros de fantasia do mundo que deu super certo.

Ó, gente, pra quem tá na dúvida do que ler e curte fantasia, vai nesse site. Porque eles dão umas dicas muito boas! Fora O Senhor dos Anéis e Guerra dos Tronos e Harry Potter, que são os óbvios, eles recomendam livros de fantasias pouco conhecidos que valem muito a pena.

E bem que eu achava que esse livro tinha sido por uma mulher mesmo, porque pode ver que a maior parte dos livros de ficção científica/fantasia que têm as iniciais na capa são de autoras – porque quem vai querer ler um livro desse gênero escrito por uma mina, né? Mulher só escreve – e gosta de ler – livro melecoso romancento. Ha. Mas não foram só as iniciais que me chamaram a atenção, foi o jeito que ela escreve os relacionamentos e as personagens femininas. Só podia ser uma mulher.

Mas chega de conversa fiada e vamos ao livro.
Black Sun Rising tem uma pegada bem anos 80 na narrativa, e em muitos aspectos me lembrou muito a premissa de Dragonflight, que mistura fantasia com ficção científica.
Minha única crítica negativa é que o livro enlerda bem lá pelo meio e dá uma senhordosanéizada com todo mundo andando pra sempre e chove, faz calor, faz frio, montanha, floresta, planície e todo mundo continua andando. Mas como eu não me importo nem um pouco com isso, essa parte não atrapalhou o livro em nada. Mas aqueles que se entediam com facilidade podem precisar de um pouco de boa vontade pra passar essa parte.

No planeta Erna, a humanidade chegou com naves espaciais há algumas centenas de anos e se deparou com uma realidade bem diferente da Terra: apesar de ter atmosfera e vegetação e até mesmo animais semelhantes aos da Terra, Erna tem uma série de padrões energéticos que são manipuláveis tanto por humanos quanto pela própria natureza, tornando não só a evolução uma coisa muito mais rápida do que na Terra, como também dando aos humanos um poder semelhante ao da magia.

Essas correntes energéticas são chamadas de fae, e os humanos logo aprendem a adquirir poder através delas. Só que os fae são tão poderosos justamente porque respondem aos padrões de pensamento dos humanos – o que faz com que eles também respondam a padrões inconscientes da mente humana, e aí você vê monstros físicos, feitos de fae, que se manifestam diante do medo humano.

Nesse cenário, o medo dos humanos gera monstros de verdade. E a fé humana gera magia de verdade. E quando conhecemos o Reverendo Damien Vryce, vemos que a fé dele no Deus Único e nos escritos do Profeta faz com que ele seja capaz de curar uma pessoa apenas com um pouco de concentração e poder da mente.

Damien é enviado a Jaggonath, uma metrópole cheia de contradições: ao mesmo tempo em que abriga um enorme número de utilizadores de fae, e o maior número de sub-religiões com deuses pagãos, também possui a maior catedral dedicada ao Deus Único do mundo.
A missão de Damien é iniciar um grupo de jovens clérigos às artes “mágicas”, pois, apesar da magia ser proibida pela igreja, há aqueles que acreditam que ela possa ser importante. Mas se no início o livro parece que vai ser cheio de discussões sobre religião, moral e fé, a história logo toma um rumo diferente.

Monstros devoram parte da alma de Ciani, uma poderosa feiticeira/maga/adepta (faeborn, ou seja, que usa “magia” de forma inata, em vez de ter que aprendê-la como humanos normais) com quem Damien estava começando a ter um relacionamento. Ele e Zen, aprendiz de Ciani, descobrem que a única maneira de salvar Ciani é matar o monstro que a atacou. E para isso eles precisam cruzar um continente, o oceano do planeta, e entrar numa terra desconhecida onde os inimigos dos humanos vivem (e é essa viagem que pode ficar um pouco chatenha pros leitores de menor paciência).

Mas o que importa é que, quando Damien, Ciani e Zen saem pela estrada afora para perseguir demônios, eles trombam com adepto chamado Tarrant. E tudo fica maravilhoso a partir daí. Ciani é apagada – afinal, ela teve a alma e a personalidade roubadas e o que se pode esperar de um personagem assim. Zen é o típico aprendiz: meio infantil, meio bobo, mas sempre corajoso e sempre querendo ser útil.
O Reverendo é um personagem muito legal. A idéia de um padre/lutador/viajante (vulgo clérigo/guerreiro/ranger multi-class, para os nerds) é muito da hora e ainda por cima o cara é sarcástico, irritadiço e grosso. Meu tipo de personagem. Mas o mimimi dele com a Ciani deixam o cara meio sem graça, e ele logo se tornaria um líder-nato-vamos-por-ali-que-eu-protejo-vocês, se não fosse por Tarrant.

Tarrant, a princípio, parece um feiticeiro/adepto mega poderoso, aristocrático, bonito e bem vestido, em quem eles não confiam mas de quem eles precisam muito se forem tentar salvar a Ciani. Só que aos poucos Damien, e o leitor, vai descobrindo que ele é muito – MUITO – mais do que isso, e não é num sentido bom. Damien é obrigado a fazer escolhas bastante cinzentas para um cara acostumado a ver o mundo mais no preto-e-branco. Como ele pode confiar em alguém que causou tanto mal apenas para conseguir ter o poder que tem? E assim por diante. E ao mesmo tempo o próprio Tarrant é obrigado a não só aturar Damien e sua turma, como também ajudá-los e até mesmo colocar sua “vida” em risco por eles…

O livro decola a partir do momento em que Damien e Tarrant são colocados frente a frente, porque a reação deles um ao outro empresta um humor impagável à trama e deixa qualquer viagem chata divertidamente emocionante. O narrador até tenta um triângulo mixuruco dos dois com Ciani, mas isso felizmente ocupa pouco espaço na trama: entre Damien e Tarrant ficarem sem se matar, e derrotarem os demônios devoradores de almas, e escaparem dos alienígenas rakh, que odeiam os humanos com todas as forças, e descobrirem porque a nave dos colonizadores humanos decidiu ficar naquele planeta tão inóspito, e ainda por cima lidar com fae sombrias nas horas da noite em que o planeta fica totalmente às escuras, os aventureiros, e o leitor, têm bastante com o que se preocupar.

É bom, é bom quando você encontra um livro legal no meio de tanta besteira que tem por aí. E tenho mais um personagem ambíguo, sexy, malvado e perfeitamente adorável para minha lista dos favoritos, mesmo que Damien venha num segundo lugar bem próximo.
Se puderem, experimentem. Mal posso esperar para ler o próximo da série!

Black Sun Rising (1991) De C.S. Friedman (EUA)
Trilogia Coldfire Livro 1

2 thoughts on “Black Sun Rising | C.S. Friedman

  1. Seja bem vinda de volta.Não conhecia este livro, mas gostei muito da sua resenha e já anotei o livro aqui para conhecê-lo melhor, parece que promete.Abraços e vou seguindo aqui.reaprendendoaartedaleitura.blogspot.com.br

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