Maio 19, 2024
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Claro que não comprei o livro por causa do Dresden. Mas claro que a história que eu mais queria ler era justamente a dele, né.

Teve um dia que fui na livraria e vi uma coletânea organizada por ninguém menos que George R. R. Martin (ok, tem uma outra pessoa responsável, que provavelmente fez todo o trabalho e o Martin tá lá só pra vender – *brinks*).
O tema da coletânea, que se chama Songs of Love and Death, são os famosos star-crossed lovers, uma expressão que eu nunca tinha ouvido antes de Jogos Vorazes e que rapidamente se tornou uma favorita minha. Os contos, de autores diversos, tem geralmente ambientação de fantasia ou ficção científica e têm como protagonistas casais que estão fadados a sofrer muito se quiserem ficar juntos.

O carro chefe são contos de Neil Gaiman, Jim Butcher e Jaqueline Carey, mas o livro tem bem uns vinte contos. Mas enfim, vou falar do primeiro conto do livro, que é o Love Hurts, do Jim Butcher (sim! com o Harry!). Fiquem avisados que o post contém spoilers demais.

A primeira coisa que eu preciso falar é que a história se passa entre os livros Turn Coat (livro 11) e Changes (livro 12). Como a série já está no livro 13, Ghost Story, que é bem naquelas, e Changes já oferece mudanças a rodo, como seu próprio nome revela, essa historinha ficou mais sem graça também porque vemos um Harry antes da crise.

A segunda coisa que eu preciso falar é: que Harry é esse? Nada do drama de Changes e Ghost Story aconteceu com ele ainda, então qualé a da depressão? Gosto do Harry justamente porque a narrativa em primeira pessoa empresta à história todo o sarcasmo e os comentários engraçadinhos do Harry, e nesse conto nada disso existe.
Começa com ele meio depressivo lembrando do seu relacionamento zoado com a Luccio – que, ok, acabou de acontecer pelo momento do conto, mas pra mim já é água debaixo da ponte – e depois ele acompanha a policial Murphy na cena de um crime que parece um pacto de suicídio.

A trama é a de que três pactos de suicídio aconteceram na última semana, e Murphy acha que Harry pode ajudar pois sente que pode haver magia negra envolvida fazendo com que os casais se apaixonem de forma doentia.
Na maioria dos livros anteriores, Harry passa metade da história tentando descobrir resquícios de magia negra para poder chegar até o vilão; como é um conto, nesse aqui ele resume suas atividades em duas linhas: “falei com todo mundo que podia e não achei nada”. Total sem graça.
No fim é a Murphy que consegue a próxima pista, que leva a um tipo de parque de diversões. Os dois perseguem um cara x que estava por ali até dentro do trem fantasma, entram no brinquedo para achar onde o cara se escondeu… e eles se apaixonam de forma doentia.

Sem o menor aviso, sem nada. Pô, Harry é um mago foda. Sua aprendiz é especialista em magia da mente. Ele sabe sentir quando alguém tá tentando entrar na cabeça dele. E outra. Um policial e um detetive particular… pagam pra entar no carrinho do trem fantasma e botam o cinto de segurança? Quando dá perfeitamente pra dar uma grana pro carinha da catraca e entrar no brinquedo pela área de serviço?

Tudo isso pra dizer que a mini paixão que os dois sentem (que dura dois beijos antes do Harry alertar Murphy que “está tudo dando certo demais então deve ter alguma coisa errada”) acontece de forma totalmente forçada e não convence de forma alguma como sendo a história de star-crossed lovers que ó céus nunca conseguirão ficar juntos. A tensão romântica entre Harry e Murphy é justamente que ela é cheia de problemas emocionais e ele é pior ainda e toda vez que eles estão juntos o mundo tá acabando e eles é que têm que salvá-lo.

Os dois parágrafos no final de Changes são mais tensos romanticamente falando do que esse conto inteiro.

Aí eles descobrem uma trama muito bocó que envolve uma vampira da corte vermelha que criou/usou artefatos para produzir paixão artificial e competir com os vampiros da corte branca.
Totalmente idiota e sem graça.

Ou seja, temos um Harry que não é sarcástico, um romance forçado que não tem graça nenhuma, e uma trama policial que não cola. Uma pena.

Songs of Love and Death – coletânea – 2010

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