Maio 18, 2024
Home » Samantha Sweet, Executiva do Lar | Sophie Kinsella

Samantha Sweet é uma advogada workaholic que não tem vida pessoal com o intuito de se tornar sócia da firma. Um dia ela faz uma burrada corporativa e resolve sumir do mundo – vai parar no interior do interior e, numa insólita reviravolta, acaba passando a noite numa mansão ondem acham que ela é a nova empregada que eles pediram à agência.

Samantha pensa em desiludir seus “patrões”, um casal rico brega de meia idade, mas quando descobre que seus erros na empresa fizeram com que a imprensa esteja toda atrás dela, decide fingir que é mesmo a empregada que eles queriam e passa a pagar de dona de casa.

Só que Samantha não tem a menor ideia de como sequer ligar um aspirador de pó, quanto mais de fazer os pratos elaborados que os donos da casa querem que ela faça. Felizmente há um jardineiro bonitão que não hesita em ajudá-la, e Samantha descobre que existe vida fora da carreira de advogada.

Então vamos aos prós: Sophie Kinsella escreve de um jeito muito gostoso de ler. Apesar de todas as protagonistas dela serem bem parecidas (são bonitas mas se sentem inseguras; são adoravelmente desajeitadas; gostam de trabalhar mas na verdade querem achar o grande amor; têm famílias disfuncionais; têm a profundidade emocional de uma princesa Disney; etc), todas são insossas o suficiente para as leitorinhas se identificarem mas agradáveis o suficiente para deixar o livro gostoso de ler – ou seja, isso mais ajuda do que atrapalha. O par romântico também é padrão: gostoso demais para a moça achar que ele é real; capaz de ler as fraquezas da moça mas não tomar vantagem disso; cavalheiresco o suficiente para deixar a moça se sentindo ‘protegida’; com um ‘segredo’ mequetrefe que faz com que ele tenha um certo medo de se envolver – etc. Nesse caso, o bonitão da vez é Nathaniel, um jardineiro gostoso, que eu até que gostei. Ele tem um jeitão despreocupado que não dá pra não se encantar.

As cenas engraçadonas da Samantha tentando ser dona de casa até que seguram a parte cômica do livro, e além disso quando ela vai finalmente aprendendo a cuidar das coisas (ponto a favor: não é da noite pro dia, e ela recebe MUITA ajuda) ela vai ao mesmo tempo vendo o valor desse tipo de atividade na vida, e especialmente vendo as vantagens de um conceito mais lento de vida. Pra quem mora em cidade grande e precisa de dias pra se adaptar ao ritmo do interiorzão, essa parte do livro fez muito sentido.

A trama de ‘mistério’ que vem em segundo plano é interessante o suficiente para manter a história, e tem até uma mini pegada John Grisham de bônus.

Agora os contras. (contém spoilers)

Não adianta, não gosto quando a moça tem que decidir OU ELE OU A MINHA CARREIRA. Primeiro que essa decisão não deveria ser feita, droga. Homens não conseguem conciliar, não? Ain, mas ia ser difícil. Claro que ia. E quantos e mais quantos casais não passam por problemas como carreiras incompatíveis, relacionamento à distância, famílias que não aprovam… Essa coisa de TENHO QUE DECIDIR AGORA é idiota e bastante irreal. Mas ok, livro não é realidade, blá blá. Até aceito, apesar de não gostar.

Segundo que jovenas, se existe essa dúvida, não precisa nem pensar duas vezes. ESCOLHAM A CARREIRA. Homem em casa não é sinônimo de ser feliz. Já o dinheiro… Ah, o dinheiro bem que simula bem a felicidade, não? Já deu da mulherada escolher o que é melhor pros homens. Se você ama ficar em casa cuidando dos catarrentos, seja feliz. Mas faça uma escolha consciente, e por seus motivos, não porque “ain mas ele prefere desse jeito”. Homens são ensinados desde criancinha a serem o centro do universo, e a gente, por outro lado, somos ensinadas a nos preocuparmos com o bem estar dos jovenos. Então se a Samantha quisesse ser advogada pro resto da vida e o trouxa do jardineiro ficasse embaçando, que largasse do moço logo, droga. OK que a decisão dela foi mais pro “não quero mais viver para o meu trabalho”, mas a mensagem que também pode ser lida é “prefiro omi doq ser milionária” e essa parte não. Apenas não.

E aí temos o final. Aquele que ela muda de ideia vinte vezes antes de fazer a decisão (que todo mundo já sabia qual ia ser, neam). Se eu fosse o Nathaniel, tinha vendido tudo e ido pra Sibéria antes de ficar com essa doida que teretetê vou pra um lado, choveu eu vou pro outro. Quase joguei o livro longe.

E a conclusão é: se você gosta de comédias românticas, leia esse livro. É fácil e rápido de ler, a história é engraçada, o romance é bonitinho e é em todos os sentidos um livro padrão da Sophie Kinsella. Eu tenho problemas com esse tipo de livro (como mencionado acima), então pra mim foi mais ocupador de tempo pra esquecer da vida e não necessariamente me diverti tanto quanto gostaria. Mas não saí do livro com gosto de perda de tempo, e isso é sempre um ponto positivo.

The Undomestic Goddess (2006) de Sophie Kinsella

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