Maio 19, 2024
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Um dos primeiros livros da autora com a “detetive” Miss Marple, e um dos melhores também.
Na pequena cidade de St. Mary Mead, numa certa tarde, um grupo de amigos se reúne na casa da querida Miss Marple. Raymond West, sobrinho da idosa senhora, a artista Joyce Lemprière, amiga de Raymond, Sir Henry Clithering, oficial aposentado da Scotland Yard, o pastor Dr. Pender, velho amigo da senhora, e o advogado Mr. Petherick.
Durante a conversa, surge o assunto “crimes não solucionados”, e Raymond, sonhador, imagina quantos assassinatos e roubos sem solução existem por aí.
Divertindo-se com a idéia, cada um dos participantes da pequena reunião expõe algum crime pelo qual passaram e do qual não sabem a solução, enquanto os outros do grupo tentam adivinhar ‘quem matou’.

Não preciso dizer que Miss Marple, sempre tranquilamente tricotando um cachecol, suavemente resolve todos os crimes de forma brilhante.
Depois disso, em outra reunião a qual Sir Henry Clithering comparece, ele sugere a mesma brincadeira, e Miss Marple, novamente presente por ser amiga da anfitriã Mrs Bantry, resolve todos os casos, sempre ao se lembrar de alguma situação semelhante à do crime que aconteceu na vila em que vive.

1. O Clube das Terças Feiras introduz a trama, e conta com a colaboração de Sir Henry Clithering: três pessoas sentaram para jantar (um casal e a dama de companhia da esposa) e comeram lagosta enlatada, salada e bolo. Todos passaram mal, mas a esposa morreu. Depois descobriram que ela fora envenenada, mas, um ano após o caso, a polícia ainda não havia chegado numa solução.

2. A Casa do Ídolo de Astartéia é a narrativa do pastor Dr. Pender, que fala de uma viagem que ele fez à propriedade de um amigo. Uma noite, durante uma festa à fantasia, todos os convidados vão até as ruínas de um templo fenício. O anfitrião grita, cai no chão… e está morto. Mas nenhuma outra pessoa chegou a menos de três metros dele.

3. As Barras de Ouro é a história do escritor Raymond West, que se envolveu num roubo de barras de ouro que estavam num navio do banco central. Apesar de ele ter certeza de quem foi o ladrão, a polícia nunca pôde provar nada.

4. A Calçada Suja de Sangue é narrado pela pintora Joyce, que durante uma viagem à Cornualha se depara com um casal que encontra uma velha amiga do marido. Depois que eles voltam do banho de mar, Joyce tem a impressão de que a calçada que ela está pintando está suja de sangue. Um marinheiro local diz que quando há sangue naquela calçada, uma morte violenta vai ocorrer no próximo dia. Quando Joyce escuta que a amiga do tal casal se afogou no dia seguinte, ela se pergunta se está mesmo ficando louca.

5. O Móvel do Crime – o advogado Mr. Petherick conta a triste história de uma família que está prestes a ser tirada da herança em benefício de uma vidente charlatã. Quando o testamento é finalmente mudado a favor da charlatã, Mr. Petherick fica desolado, mas nada pode fazer. Quando o velho morre e o advogado encontra uma folha de papel em branco em lugar do testamento, fica a pergunta: se todos os que tinham motivo para substituir o testamento não tiveram chance, e se todos os que tiveram chance não teriam motivos, quem foi o responsável pela troca do testamento e como ela foi feita?

6. A Marca do Polegar de São Pedro – Quem conta essa história é a própria Miss Marple, e esse é o primeiro problema do conto. Como fazer suspense quando é o narrador que descobre tudo? O caso é o da sobrinha da velhinha, que perdeu o marido e toda a vizinhança acha que foi ela quem matou. Sem poder acreditar nisso, Miss Marple vai até a casa da sobrinha para descobrir tudo, e o faz com a tradicional perspicácia. O outro problema do conto é que a solução do caso é baseada numa troca de palavras que só faz sentido em inglês, e os leitores da tradução podem ficar meio perdidos.

7. O Gerânio Azul – A “história dos fantasmas de Arthur”, como diz Mrs. Bantry, é a de uma senhora hipocondríaca e chata que ouve de uma cartomante que “flores azuis são a morte” e resolve ter ataques histéricos. Só que quando amanhece e ela está morta, sem motivo aparente, e tem uma enorme flor azul desenhada no papel de parede florido dela – e que não estivera ali na noite anterior – a coisa fica mais séria. Um bom conto, com uma solução muito inteligente.

8. A Dama de Companhia – O doutor conta essa história, de duas senhoras que foram viajar para uma ilha e uma delas morre afogada. Mas o doutor suspeita fortemente de que uma tenha afogado a outra… Mas porque a senhora rica teria matado sua humilde dama de companhia? Outro conto de solução interessante.

9. Os Quatro Suspeitos – Nessa história, contada por Sir Henry Clithering, ex-Scotland Yard, ele se pergunta se quem sofre mais durante uma investigação criminal não são os suspeitos inocentes. Para ilustrar o caso, ele conta de um homem jurado de morte por uma organização sinistra que “cai da escada” e morre. Os quatro suspeitos são a sobrinha do velho, a cozinheira, o jardineiro e o secretário – que na verdade é um agente da polícia undercover. Quem seria o culpado pela morte do homem? E a até que ponto as outras três pessoas – inocentes – estariam sofrendo por estarem constantemente sob suspeita?

10. Tragédia de Natal é outra história narrada por Miss Marple, e é meio chata porque ela já de cara admite que poderia ter salvo a garota de ter sido morta pelo marido mas não conseguiu por ter sido “muito estúpida” (a reclamação normal de Miss Marple quando não consegue “ver” a solução de um problema). De todo modo, é um crime inteligente.

11. A Erva da Morte é sem dúvida o melhor conto do livro, já que Mrs. Bantry, a narradora, é totalmente incapaz de contar uma história e deixa seus ouvintes completamente no escuro.
“Um monte de pessoas comeu um refogado de plantas venenosas por engano. Todos passaram mal, mas uma pessoa morreu.”
“Mas qual é o mistério nisso, Mrs. Bantry?”
“Ora, se eu contar, todos vão ficar sabendo, e qual a graça?”
É claro que o mistério é que a pessoa que morreu fora envenenada propositalmente, é claro, mas a história nem é tão genial: genial é a forma como Mrs. Bantry a conta.

12. O Caso do Bangalô – Essa é uma história mais inteligente do que parece. Jane Helier, uma bonita atriz porém meio burra, começa a contar um caso que aconteceu com “uma amiga”, que envolvia roubo de jóias, dupla identidade e outras coisas mais. Só que a história e Jane não são bem o que parecem, um fato que Miss Marple não tarda em perceber.

13. Morte por Afogamento me parece que foi colocada no livro só pra completar o número treze, já que o “clube das terças feiras” é descartado e um mistério mais tradicional é colocado: uma moça morreu afogada, e acham que ela foi empurrada no rio. O namorado dela, ciumento, e o jovem artista local, que a engravidou, são ambos suspeitos do crime, mas Miss Marple vai até Sir Henry Clithering, que está de férias na aldeia, com um nome em um papel, dizendo que foi essa a pessoa responsável pelo crime mas que ela não pode prová-lo. Ela diz que tem medo do homem errado ser enforcado pelo crime, e espera que Sir Henry consiga as provas de que precisa.
É claro que ela está certa.

Todos os contos são extremamente interessantes, e a maneira com que Miss Marple acaba com todos eles é muito divertida. Os crimes são resolvidos quando Miss Marple se lembra de coisas aparentemente simples, como tinta mágica fei
ta com suco de limão, a bigamia do caseiro da igreja, uma empregada que costumava roubar broches, um senhor que se casou com uma moça quarenta anos mais nova, uma festa à fantasia a quen ela foi quando garota. A teoria da senhora de que a natureza humana é sempre a mesma, não importa onde você vá, faz com que ela deduza as ações subsequentes de cada indivíduo mesmo sem nunca tê-lo encontrado.

The Thirteen Problems (1932) de Agatha Christie (Reino Unido)

4 thoughts on “Os Treze Problemas | Agatha Christie

  1. Oi boa tarde!!! estou te seguindo, lindo Blog! tb amo ler e no momento estou lendo 2 , mas tenho 11 comprados e 2 q ganhei de presente. bjus e fika com Deus!

  2. Oi…amo Agatha e estou fazendo uma coleção d seus livros…já li diversos e são bons mesmo… no meu blgo essa semana estamos fazendo um especial de as Cronicas de nárnia…se puer dá uma passadinha lá e diz o que achou…bjus!

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