Esse conto tem várias versões, e outros nomes também – Os Seis Cisnes, Os Doze Irmãos, Os Sete Corvos etc – mas eu sempre confundo as versões então vou falar de todas.
Uma das versões fala que o rei queria muito uma menina, mas depois de ter sete filhos já tinha quase desistido. Aí a mulher engravida novamente e o rei fala que se for uma menina ele vai mandar matar os garotos. Desesperada, a mãe manda os meninos fugirem pra floresta, e que vai mandar içar uma bandeira branca se o bebê for um menino, e aí eles podem todos voltar e viver feliz pra sempre; ou uma bandeira vermelha, se o bebê for menina, e aí eles vão ter que se virar na floresta.
Todos os dias o irmão mais novo, Benjamin, sobe na árvore mais alta pra ver se a bandeira foi içada, e aí, quando a bandeira vermelha aparece, os irmãos ficam com raiva e juram matar todas as mulheres que virem pela frente.
A princesinha um dia encontra uma sala com sete baús, e aí pergunta pra mãe o que é aquilo, e a mãe fala dos irmãos que o pai quis matar e talz, e a menina sai pelo mundo atrás dos irmãos, e os irmãos falaram que iam matar todas as mulheres e talz mas Benjamin convence todo mundo a ser amigo só que eles se transformam em corvos porque a menina faz um chá com a erva errada.
Na outra versão é a madrasta que transforma os irmãos em cisnes, e na outra versão é o pai que os amaldiçoa pra virarem corvos porque eles ficaram brincando em vez de buscar o remédio da irmãzinha.
Em uma das versões, a menina tem que ficar seis anos sem falar nem rir e ainda por cima tecer seis camisas de uma planta espinhuda para colocar nos cisnes e libertá-los.
Em outra versão, os corvos saem voando e ela vai atrás para buscá-los, primeiro falando com o sol, que é muito quente e ela tem que ir embora, e depois com a lua, que é muito fria e ela tem que ir embora.
Mas as estrelas são legais com ela e dão um ossinho para servir de chave para a montanha de cristal, onde os irmãos estão. Só que ela perde o ossinho e na hora resolve cortar o dedo mindinho pra servir de chave.
Essa parte sempre me impressionou.
Enfim, ela encontra uma mesa com os pratinhos e os copinhos dos corvos, e come um pouco de cada um e coloca o anelzinho no copo de Benjamin, e quando eles descobrem que a irmã fez tudo aquilo para salvá-los, eles se transformam em humanos novamente e vivem felizes pra sempre.
Na versão do silêncio, ela fica na floresta, sem falar nem rir (era tipo por sete ou dez anos) e um rei encontra com ela e como ela é muito bonita ele se apaixona e resolve se casar.
Aí ela vira rainha e todo mundo gosta dela, mas a sogra mãe do rei tem ciúmes e fica colocando minhoca na cabeça do filho, falando que só uma bruxa ficaria tanto tempo sem falar e só alguém com pacto com o demônio ficaria sem rir. E ela tanto fala – e tem até umas versões de que ela mata o neto e coloca sangue no quarto da nora – que o filho resolve que vai na dela e manda queimarem a esposa “bruxa”.
Só que no momento em que colocam fogo na pira, os anos expiram e os seis cisnes chegam voando, se transformando em irmãos novamente e resgatando a garota, que agora pode falar e rir e professar seu amor pelo babaca que queria queimá-la em praça pública por causa da fofoca da mãe.
E tem também que ela não consegue terminar a sexta camisa a tempo, e um dos irmãos fica com uma asa no lugar do braço.
Eu adoro essa história – eu acho que a dos corvos, que a menina vai até o fim do mundo pra resolver o problema dos irmãos, é mais impressionante, mas a versão em que ela fica todos os anos sem falar é um bruta de um desafio.
Eu gosto que a protagonista é uma menina, e não um príncipe salvando a princesa, e ela faz tudo o que ela faz por causa da família dela, e não por causa de um bocó que ela viu uma vez na vida e deu o beijo de amor verdadeiro.