Maio 19, 2024
Home » O Prisioneiro de Zenda | Anthony Hope

Rudolf Rassendyl é um inglês boa vida que não vê necessidade de sair por aí trabalhando, até porque é de família rica e seu irmão mais velho, um par do reino, é mais do que capaz de prover por suas extravagâncias.
Sua cunhada, no entanto, vive lhe enchendo a paciência, dizendo que ele tem que fazer alguma coisa de útil nessa vida.
Acontece que Rudolf sofre um certo preconceito, coitado. Por ser o único ruivo numa família de gente de cabelo escuro, ele lembra a todos da indiscrição de uma antepassada, que se divertiu com o ruivo rei da Ruritânia e deixou o maridão com belos galhos. Desde então, a cada duas gerações, aparece um ruivo na família – e os ruivos acabam sendo sempre os ovelhas negras.
Depois da última conversa com a chata da cunhada, Rudolf resolve tomar uma atitude: já que a culpa dele ser ruivo veio da Ruritânia, é pra Ruritânia que ele vai, pra conhecer a terra do tal rei mulherengo que virou seu antepassado.

Chegando na Ruritânia, Rudolf descobre várias coisas interessantes: que é época de coroação; que o futuro rei Rudolf é um cara gente boa mas que adora uma cachaça e não parece muito interessado em reinar; e que ele, Rudolf Rassendyl, é uma cópia semi-gêmea do futuro rei Rudolf da Ruritânia.

Por um acaso dessa vida, Rudolf, o inglês, e Rudolf, o futuro rei, acabam se trombando durante uma temporada de pesca no campo, junto com dois empregados do rei, e todos acham muita graça que a indiscrição de dois antepassados em comum tenha gerado duas pessoas tão parecidas haha-que-coincidência-vamos-todos-tomar-um-drinque-juntos (lembrem-se de que o futuro rei Rudolf adora uma cachaça).

Todos enchem a cara formidavelmente na propriedade do campo da família real e no dia seguinte acordam com uma certa ressaca, exceto por Rudolf, o futuro rei, que continua dormindo pesadamente.

Os dois empregados do rei que os acompanhavam, o coronel Sapt e o jovem Fritz von Tarlenheim, descobrem, desesperados, que alguém colocou uma droga sonífera no vinho favorito do futuro rei – que nunca ninguém bebia com ele – e o principal candidato a vilão é o príncipe Michael, meio irmão do quase coroado soberano, que quer a coroa e se beneficiaria imensamente se Rudolf não aparecesse na coroação. Que vai acontecer naquele mesmo dia, dali a algumas horas.

Sapt e Fritz, reparando na coincidência divina que colocou um inglês bem educado idêntico ao rei no meio da história, implora a Rudolf que finja que é o rei só durante a coroação, que faça o juramento, coloque a coroa na cabeça, e depois saia do país às pressas antes que qualquer pessoa descubra o ocorrido.

Depois de muitos argumentos, Rudolf concorda com a parada.
Só que é claro que nada sai como planejado.
O príncipe Michael, ao ver seu meio irmão sendo coroado quando ele tem certeza de que ele estaria dopado, manda seu associado Rupert de Hentzau ver o que está acontecendo.
Rudolf se apaixona perdidamente pela noiva do rei, a princesa Flavia – que se apaixona de volta, sem saber porque o rei está tão diferente hoje se foi sempre um chato antes.
Sapt e Fritz perdem o rei, que é raptado por Rupert e colocado na fortaleza de Zenda, o que obriga Rudolf a fingir por mais algum tempo…

Será que ele conseguirá resistir à tentação de se declarar para a princesa Flavia? Será que conseguirá manter sua honra ao participar de tão complicada farsa? Será que Michael manterá o rei vivo ou será que Rudolf será “forçado” a ser rei para sempre? Será que a amante de Michael, uma atriz francesa, conseguirá ajudá-los a salvar o rei?

Bom, gente, temos que lembrar várias coisas a respeito desse livro. Primeiro que é um dos livros mais famosos de aventura de todos os tempos e se você não leu ainda o que você está esperando.
Segundo que foi escrito em 1894 e a trama, especialmente a de romance, envelheceu meio mal, então dá um pouco de sono toooodos os pensamentos “impróprios” que o Rudolf tenta suprimir ao ver a estonteante e maravilhosa princesa Flavia – que é o ideal de mulher bela, pura, casta, honrada e zzzzzz.
Mas ó, tirando isso.
Vale muito a pena. A trama cheia de reviravoltas deixa o livro inlargável até o último segundo; os personagens são incríveis e apaixonantes (meus favoritos são o próprio Rudolf, em quem aposto que a Agatha Christie se baseou para criar meu personagem favorito dela, Anthony Cade, e o “vilão” príncipe Michael, que eu acho um injustiçado); a ambientação é super bem feita, e deixa a história com uma pegada de capa e espada muito empolgante. Tudo faz com que o livro seja um dos melhores do universo e te deixa com aquela sensação de que não se fazem mais livros como antigamente.

Adendo: fizeram várias versões para o cinema: dizem que a mais legal é a de 1939 (eu assisti a da década de 50, com a Deborah Kerr, e é bem ok), mas tem que garimpar para conseguir achar.
E não leiam a continuação que é um lixo.


Título Original: The Prisoner of Zenda (1894)
De Anthony Hope (Reino Unido)
Tem uma continuação lixão chamada Rupert of Hentzau

2 thoughts on “O Prisioneiro de Zenda | Anthony Hope

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *