Maio 19, 2024
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Esse livro da Agatha Christie é uma coisa engraçada. Ele tem um dos crimes mais engenhosos que a autora já criou, mas também tem uma das soluções mais bobocas de todas.

A história é às vezes contada pelo jovem Mark Easterbrook, que parece entrar no mistério de forma totalmente aleatória – uma das coisas que me incomodou – e às vezes narrada em terceira pessoa.

Na prática, um padre vai receber a confissão de uma mulher que está morrendo. Ao sair da pensão onde ela mora – ela morre logo após – ele é assassinado com uma pancada na cabeça.
Ao revistá-lo, a polícia encontra uma lista de nomes escrita por ele num papel de rascunho e guardada por ele dentro do sapato – por uma razão simples de que o bolso do seu casaco estava furado.

Ao examinar os nomes – em sua maioria sobrenomes – escritos pelo padre, o Inspetor Lejeune, responsável pelo caso, fica surpreso ao descobrir que a maioria daquelas pessoas morreu nos últimos meses. Mas as investigações mostram que todas morreram de causas naturais, como pneumonia, câncer e outras coisas dessas.

Aí o tal Mark tromba com o médico da polícia, que conta pra ele do caso estranho do padre e tals. Mark acaba se interessando pelo caso porque sua madrinha, que morreu de causas naturais, estava na lista encontrada com o padre, e resolve dar uma olhada particular na história toda.

Por acaso, Mark entreouve algo a respeito do Cavalo Amarelo, um lugar onde se pode ir quando quer se livrar de alguém indesejado. A garota que mencionou o Cavalo Amarelo depois nega tê-lo feito e se mostra bastante assustada.
Intrigado, Mark vai até o interior junto com sua amiga Ariadne Oliver, a famosa escritora de romances policiais, para tentar descobrir o que é esse tal de Cavalo Amarelo e o que ele tem a ver com a morte do padre.

Na verdade eu achei a solução do problema tão genial, mas tão genial, que quase dá pra deixar pra lá todo o resto do livro, que é bem do ruim – no sentido de não fazer sentido nenhum.

Spoilers!
O crime é muito bom, mas a forma como ele é descoberto é muito amadora. Mark resolve investigar o Cavalo Amarelo porque ele tem acesso à lista de nomes. Mas ele é um civil. Desde quando a polícia entrega provas importantes de um caso de assassinato a civis mal ligados ao caso?
É coincidência que Mark ouve Poppy falando do Cavalo Amarelo. É coincidência que Mark vê Thomasina Tuckerton brigando no bar. É coincidência que a madrinha de Mark estivesse na lista de nomes.
Até aí, eu estava esperando uma explicação que fosse satisfatória sobre tantas coincidências. Mas a autora não faz isso. Ela cria o assassino mais estúpido da história da humanidade.
Depois de criar o sistema perfeito; depois de lucrar milhares de libras com o golpe; depois de matar dezenas de pessoas… você quer que eu acredite que o assassino jogou tudo pro alto ao sair do seu local protegido para descrever um homem aleatório e ter alguma atenção da polícia? A explicação de que ele era orgulhoso e queria que outros percebessem o quanto ele era brilhante não cola. Não faz sentido um assassino se expor dessa forma idiota. Eu sei que ele teve que agir sem pensar nas consequências quando matou o padre, mas depois ele teve bastante tempo pra pensar.
O ponto mais importante do plano é o de que ele tinha que entrar e sair das casas sem ser reconhecido. E aí ele se coloca na mira da polícia pra poder ser apontado caso uma foto fosse tirada?
Idiota!
Fim dos spoilers.

O fim do livro é genial, mas a forma como o “detetive” “descobre” o esquema todo é mirim e acaba estragando muito da diversão.
Não deixa de ser um bom livro, e a genialidade da solução é tanta que até dá pra relevar as besteiras mencionadas acima. Existem livros melhores dela, no entanto, então não digam que eu não avisei.

The Pale Horse (1961) De Agatha Christie (Reino Unido)

3 thoughts on “O Cavalo Amarelo | Agatha Christie

  1. Ha! quase quase li o spoiler pra saber o resultado desse suspense todo! Eu nunca li Agatha Christie por algum motivo… acho que devo correr atras do prejuizo enquanto é tempo! Otima resenha, deu vontade de ler… mesmo com o aviso. 🙂

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