Maio 19, 2024
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Bom, todo mundo que me conhece sabe que eu tenho uma lista absurda de livros que eu tenho e nunca li. E o problema não é falta de tempo (eu arranjo) mas é que só tenho uns livros chatenhos, chatenhos…

Explico-me. É tão difícil começar a ler um livro e ser fisgada imediatamente. E com essa vida tensa que eu ando levando, se o livro não me pega de jeito logo de início, eu acabo deixando-o de lado.

E eu não estava animada pra ler Neil Gaiman, porque ele é muito sombrio e eu estava num momento pouco sombrio da minha vida, mas daí duas coisas aconteceram: tem um mapa do metrô de Londres no início do livro (*amo*) e o primeiro parágrafo já me cativou:

“The night before he went to London, Richard Mayhew was not enjoying himself.”

Sei lá por que motivo foi, mas o fato é que esse parágrafo me levou ao próximo, e ao outro e ao outro, e quando vi não largava mais o livro.

A história é a do tal Richard, que um dia encontra uma garota ferida no meio da rua e resolve ajudá-la, e fazendo isso entra em contato com a misteriosa “London Below”: uma cidade abaixo da Londres que conhecemos; nos túneis abandonados de antigas linhas de metrô, antigos mausoléus, antigos túneis subterrâneos que perderam seu propósito há décadas.

Eu estava certa: o livro é sombrio, e não só porque se passa quase que o tempo todo no subterrâneo. É sombrio porque é Neil Gaiman, sim, e ele tem aquele jeito de narrar o que o vilão anda fazendo pra misturar o suspense na trama. Funciona muito bem, especialmente porque Mr. Croup e Mr. Vandemar são personagens tão assustadores. Além disso, nunca sabemos quem é leal aos heróis e quem está do lado dos malvados.

Como é Neil Gaiman escrevendo, existem mais cenas feias e nojentas (ainda mais considerando a ambientação) do que beleza no mundo que ele criou. E, também pelo mesmo motivo, existe aquele “quê” de literatura fantástica do protagonista – e o leitor – não saberem o que é real ou não.

Mesmo que tenha seus pontos baixos (especialmente passagens as quais que não é recomendável se ler comendo) e seus personagens dúbios e uma meia escuridão perpétua durante o livro, no fim das contas é uma boa leitura e um livro que devorei em menos de uma semana.

Neverwhere (1996)

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