Novembro 21, 2024
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No futuro, os humanos, após serem obrigados a deixar o planeta Terra devido às inúmeras guerras, criam uma sociedade em que não existe violência. O mecanismo usado para resolver contendas nada mais é do que um jogo de RPG virtual, onde cada pessoa cria um personagem e vai evoluindo com ele até conseguir ter status e dinheiro suficientes para desafiar oponentes na Arena. Lá, quem quiser tem o direito de desafiar qualquer outra pessoa – quanto maior o poder do personagem, maior a vantagem numa luta.

Erik é um menino que acabou de perder seu personagem numa luta com um dragão, enquanto sua mãe, na disputa por um novo aquecedor solar, perde sua personagem numa luta contra a temível Central de Distribuição: por monopolizar todos os melhores e mais poderosos personagens em seu conselho, a Central de Distribuição tem poder quase infinito, e o usa para adquirir mais poder ainda sobre o resto do mundo, resultando numa sociedade sem violência, porém desigual e injusta. Erik, diante do banimento de seu pai, resolve apostar todas as fichas num personagem fora do comum: Cindella, diferente não apenas por ser uma personagem mulher, mas também por ter todos os pontos de habilidade iniciais colocados por Erik no quesito beleza.

Com Cindella, Erik começa uma escalada social que nunca seria possível com um guerreiro com pontos em força, como todos os personagens que seus colegas criam. A idéia do garoto é nada mais nada menos do que subverter a ordem social do mundo, derrubando a Central de Distribuição.

O interessante desse livro é o fato de que o personagem principal, ao contrário de certas obras de ficção juvenil, não é um pirralho com poderes sobrenaturais, mas apenas um moleque que usa o seu vício num videogame pra conseguir mudar as coisas. Claro que o discurso batido de “não vamos machucá-los, seria o que fariam conosco – compaixão é nossa maior arma” etc já deu de tão irritante, além de que raramente isso seria colocado na boca de um ser da idade dele. Outra coisa interessante é o conceito de que o RPG poderia ser usado para acabar com a violência, algo que parece totalmente fora de moda para os imbecis da nossa sociedade, que até já estão tentando aprovar projeto de lei contra a comercialização de “produtos relacionados ao RPG”, com a justificativa de que o “jogo causa violência”.

Lembrando que o autor do livro, além de professor de história medieval, é um dos criadores do RPG Live Action. Só achei que o fim do livro ficou meio aquém do esperado, mas como acabei de descobrir que pra variar existe uma seqüência, então está tudo bem.

Epic (2004) De Conor Kostick 

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