Aventura de ficção científica bastante cinematográfica com uma pegada juvenil que não atrapalha. Um grupo de mercenários é contratado para salvar uma pequena aldeia de mineradores, que está sendo ameaçada por monstros canibais, num futuro distante onde a humanidade se mudou para Marte.
Marte está lentamente sendo transformado pelos humanos que foram morar lá, para tentar fazer o planeta totalmente habitável após uma epidemia que acabou com quase toda a população da Terra. No entanto, nem todo o planeta é habitável – e os mais ricos vivem onde a atmosfera é mais existente e o ar mais respirável, lógico.
Enquanto isso, os mineiros, que foram tão importantes para o início do processo, agora foram largados à própria sorte nas minas abandonadas – e as coisas ficam piores quando os Draeu, monstros humanóides que curtem comer carne humana, resolvem aumentar seus ataques. Desesperados, os mineiros vão até a cidade buscar ajuda, mas os únicos que aceitam são Durango e sua turma pouco convencional de Reguladores (uma espécie de ex-soldado).
Com um passado complexo, um chip de inteligência artificial em seu cérebro zoando com ele a todo tempo, e um temperamento explosivo, Durango é um líder um pouco relutante e um dos melhores personagens do livro. Durango é acompanhado sua colega séria e profissional Vienne, sua inteligência artificial Mimi, e seus outros colegas Reguladores que se divertem mais explodindo coisas do que propriamente ajudando pessoas. Eles se encontram envolvidos numa trama mais complexa do que imaginavam quando percebem que os Draeu não estão só interessados na carne fresca dos mineiros, mas sim num tesouro que pode mudar o destino de todos os que vivem em Marte.
Com uma ambientação excelente, cenas de ação empolgantes, diálogos impecavelmente engraçados e inteligentes, esse é um dos melhores livros que eu li recentemente. A narrativa rápida e divertida lembra os melhores filmes de ação dos anos 80 (oi, Star Wars), com o bônus dos diálogos memoráveis.
Se tem uma coisa que me deixou meio sem saber o que pensar foi a idade dos protagonistas. Eu estava certa de que era uma galera dos vinte e tantos anos, primeiro por terem passado por tanta coisa já, segundo pelo teor adultoso das conversas – mas aí no fim a velha fala que eles tem menos de vinte anos. E, tipo, não, gente. Esse povo fala assim, com dezesseis anos? Sério? Nunca imaginei, e depois que fechei o livro fiz questão de continuar imaginando o pessoal com idade pra protagonizar filme de ação e não YAs.
E aí fui olhar e na Amazon tá lá: “O jovem de dezesseis anos Durango e sua equipe de Reguladores…” blá blá e acho que nunca teria pegado o livro se eu soubesse antes a idade da galera. Preconceito, eu sei, mas felizmente não sofri com a criancice do povo: dá sim pra imaginar Durango, e Vienne, com cerca de vinte e cinco anos, e a equipe com gente mais velha. Na verdade, eu muito imaginei tudo como sendo uma mistura de Firefly e Riddick, sabe? E, pra mim, o livro ficou mais legal assim.
Então, pra quem tem preconceito com idade de protagonista que nem eu, o livro NÃO TEM triângulo amoroso bobo, nem personagem com crise existencial dos quinze anos, nem é “sexy teenagers in space“. É um excelente livro de aventura e ficção científica que recomendo pra todo mundo!
E parece que tem sequência!
Black Hole Sun (2010) de David Macinnis Gill. Série Hell’s Cross Livro 1