O Gênio do Crime | João Carlos Marinho

Fui num sebo diferente outro dia disposta a comprar meus livros de autores sul-americanos, pra compensar meu lapso em relação a esse tipo de leitura.

Foi uma surpresa agradável ler esse livrinho simpático sobre três garotos que saem por aí pra descobrir quem é que anda falsificando figurinhas do álbum sobre os jogadores de futebol.

Numa época em que o álbum da copa faz o maior sucesso, achei o tema especialmente atual.

O livro começa com o dono da fábrica de figurinhas pedindo encarecidamente a um dos garotos, que conseguiu evitar que a fábrica fosse incendiada por garotos revoltados com a falta de prêmios, que consiga descobrir que é o falsificador. Os investigadores profissionais colocados no caso não resolveram nada.

Os três amigos resolvem ir atrás dos criminosos, mas em segredo, já que os pais os proibiram. Com a ajuda do dono da fábrica eles entram numa competição com um famoso detetive inglês contratado pelo gerente almofadinha da fábrica de figurinhas pra ver quem consegue chegar à fábrica clandestina primeiro.

Meninos matando aula, adultos falsificando ligações e assinaturas para que os meninos saiam por aí pra acampar nas margens do Tietê, criminosos que torturam crianças… tudo é deliciosamente politicamente incorreto, numa obra prima que divertirá qualquer criança de 12 anos. Eu, pelo menos, me diverti muito com as deduções inteligentes dos garotos, com a história que não insulta a inteligência do leitor e com a falta de julgamento do texto – o dono da fábrica de figurinhas, mesmo na melhor das intenções, põe os garotos numa situação perigosa, e o narrador nada julga. Mais tarde, o pai de um dos garotos dá um murro na cara do dono, e o narrador apenas menciona o fato.

É um jeito engraçado, interessante e envolvente de escrever que apenas esse autor consegue. Tudo embalado pela descrição da São Paulo das antigas.

Um ótimo exemplar do gênero infanto-juvenil, um excelente exemplar do gênero policial e um perfeito exemplar do gênero aventuresco.