Maio 19, 2024
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E então, depois de anos relendo todos os livros do Nero Wolfe que tenho em casa, do nada estivemos num sebo achamos alguns que eu nunca tinha visto.

Esse é um deles.
Os três contos não saem muito da usual fórmula dos livros de Wolfe: ele, gordo, sedentário, amante de orquídeas e da boa cozinha, fica em casa exercitando o cérebro; seu ajudante, Archie Goodwin, o narrador, vai até o local desejado e age como os olhos de seu chefe – sempre com direito comentários sarcásticos.

Eu achei bem interessante ler um livro do Nero Wolfe pela primeira vez, já que nem me lembro da primeira vez que li qualquer um dos que tenho na estante há anos.

Invitation to Murder é o primeiro conto do livro. Nele, Mr. Lewent, um cara baixinho e sem graça de meia idade, quer pedir a ajuda de Wolfe para conseguir sua herança. Por questões de testamento, todo o dinheiro a que Mr. Lewent acredita ter direito está com o cunhado dele, Mr. Huck, que não quer repassar mais do que uma mísera mesada. Mas Mr. Lewent acha que o cunhado vai lhe passar a perna e vai se casar (pela segunda vez, a irmã de Mr. Lewent é falecida) com uma das suas enfermeiras gostosas que vivem na casa dele. O trabalho de Archie é descobrir qual das enfermeiras está seduzindo Mr. Huck, e Mr. Lewent se encarregará do resto.
Só que tudo isso acaba mudando quando Archie vai até a casa de Mr. Huck para uma visita e encontra Mr. Lewent morto em seu quarto.

Esse foi um dos contos de que eu gostei, apesar de achar o final – especialmente a parte do Cramer falar que Wolfe já sabia que Mr. Lewent estava morto e todo o resto – muito forçado. Mas não é pior do que outros dele que já li.

The Zero Clue é o segundo conto e traz a originalidade de Wolfe ter um rival: um detetive particular que é ainda mais famoso que ele. Claro que Wolfe o considera um charlatão, e quando o cara liga pedindo ajuda recusa-se terminantemente a sequer ouvir o que ele tem a dizer. Mas Archie, sempre curioso, resolve “dar uma passada” no escritório do Mr. Heller, famoso por descobir coisas para os outros usando leis da probabilidade, e encontra alguns clientes e nada do Mr. Heller. Algumas horas depois a polícia vem falar que Mr. Heller foi encontrado morto e tudo indica que Nero Wolfe foi de alguma forma responsável.

Achei esse conto interessante porque me lembrou dos melhores do Sherlock Holmes, com os tais sinais deixados por Mr. Heller na mesa para que soubessem quem o matou e Wolfe tendo que quebrar a cabeça para decifrá-los. O que há nesse conto que Doyle nunca permitiria é o número de coincidências improváveis que, ao final da narrativa, me fizeram torcer o nariz: todos os clientes de Mr. Heller envolvidos no caso têm alguma coisa a ver com o número “6” e mais de um com o tal acidente no hospital. Até parece, né?

This Won’t Kill You foi sem dúvida o meu favorito. Por um estratagema bem idiota do autor, na minha opinião, Wolfe vai assistir um jogo de beisebol. Mas essa escorregada inicial não importa tanto porque gostei muito do clima da história, em que alguém drogou quatro dos melhores jogadores dos New York Giants logo antes da final do campeonato, E acharam um dos melhores jogadores com a cabeça esmagada por um taco de beisebol em exposição.
Mesmo que o final seja tão forçado quanto os dos outros contos, a ação em si é interessante e divertida, e Archie tem mais destaque – sempre uma coisa boa.

No fim das contas, esse livro não é um dos melhores exemplos da dupla de detetives, especialmente pela forçação de barra que aparece em todos os contos. Claro que Rex Stout, o autor, era conhecido por escrever um livro por semana, então essas escorregadelas até que não são surpreendentes.

No entanto, esse livro entrou na lista das releituras eternas assim como todos os outros, porque é muito divertido sempre ter a narrativa de Archie e as excentricidades de Wolfe.

1 thought on “Three Men Out | Rex Stout

  1. Eu descobri o Stout só agora… ele sempre tem esses finais meio forçados? O final “Cozinheiros demais” é mais ou menos, na verdade, a motivação para o crime e os assassinos convence, mas a forma de execução, nem tanto. O livro, no geral, é muito bom, mas eu prefiro os crimes mais realistas, como no Chandler…

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