Maio 19, 2024
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Eu achei que fosse gostar mais desse livro, já que o tema é um pouco mais na minha área. Mas alguns pontos deixaram a trama inverossímil demais o e o livro menos divertido.

Imaginem um plágio ao contrário. Por exemplo. Joãozinho é um autor zé-ninguém que nunca publicou um livro. Aí ele vem a público dizer que o último livro de algum autor famoso, vamos usar a Nora Roberts, foi plágio de um conto que Joãozinho enviou à autora pedindo a opinião dela. Ela, obviamente, nega. Aí vão procurar entre as coisas da Nora Roberts e encontram um conto do Joãozinho, com data de envio anterior à publicação do livro dela, com a mesma trama que o livro dela tem. E o Joãozinho ganha uma bolada.

Vocês podem imaginar que a Nora Roberts do exemplo ficou certamente irritada. Mas aí quando mais outros quatro casos acontecem, com autores e Joãozinhos diferentes, os autores e editores lesados fazem uma vaquinha e vão pedir pra Nero Wolfe descobrir quem é o querido que se infiltra nos escritórios dos editores e na casa dos autores pra colocar o conto do Joãozinho.

Então começa a brincadeira.

Mas aí o livro também começa a ter seus problemas. O cliente de Wolfe aparentemente não é uma pessoa, mas um comitê contra o plágio formado por autores e editores. Aí o livro tenta descrever o relacionamento entre as duas facções como sendo ‘muito tensas’, mas nenhum personagem é descrito de forma viva o suficiente pro leitor sequer se identificar com alguém.

Aí Wolfe aceita o caso e chega à conclusão de que os três primeiros textos de joãozinhos foram escritos pela mesma pessoa, e que essa pessoa não era nenhum dos autores joãozinhos. Parece confuso? Fica pior. Depois de ter chegado à essa conclusão por nenhum meio possível na vida real (tipo a direção das marcas da bicicleta no conto do Sherlock Holmes), Wolfe diz pra todo mundo que acha que um dos joãozinhos pode dar uma de dedo duro e contar quem foi que escreveu os contos ‘plagiados’. Todo mundo significa todos os vinte nego do comitê conjunto.

E chega de manhã o cara tá morto.

Bom, então vamos falar de quão gênio Wolfe supostamente é. Como ele deixou essa passar? Ele sempre chama todo mundo na casa dele (inclusive o culpado) e AÍ ele conta como chegou às suas conclusões e aponta o dedo. Não faz sentido ele contar suas conclusões antes de confirmá-las, ainda mais numa sala cheia de pessoas que estavam envolvidas no caso.

Fica claro que isso foi só um artifício que o autor usou pra começar com os assassinatos, e é tão idiota que até os personagens acusam o Wolfe de negligência.

Parece na verdade que o livro foi escrito com pressa. Os personagens não tem personalidade nenhuma, e quando finalmente ficamos sabendo quem é o assassino, dá aquela sensação de, “ah. quem era esse mesmo?” Ou seja, no fim das contas é um livro da série que não recomendo perder tempo lendo.

Plot It Yourself (1959)

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