Maio 19, 2024
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Há muitos anos, numa brincadeira de faculdade (equivalente ao nosso malfadado “trote”), Paul Chapin, “bicho”, foi obrigado por “veteranos” a escalar as paredes de um dormitório para buscar algo no quarto de um dos veteranos. O quarto ficava no quarto andar. Paul se desequilibrou na subida e caiu de uma altura considerável.

Ele sofreu danos irreparáveis à sua espinha dorsal e pernas e passou por inúmeras cirurgias, mas nunca voltou ao normal: anda com dificuldade e precisando da ajuda de uma bengala.

Anos mais tarde, Paul chapin ficou famoso por seus livros violentíssimos e cheios de assassinatos.

E um dia um homem aterrorizado aparece no escritório do detetive Nero Wolfe dizendo que Paul chapin está assassinando aos poucos aqueles homens que o obrigaram a participar da brincadeira sem graça de trinta anos antes.

Essa é a premissa do livro. A “confraria do medo” é o grupo de homens – dos quais dois já morreram em circunstâncias suspeitas – que morre de medo da vingança de Paul Chapin: vingança por terem sido responsáveis por ele ser aleijado, vingança por todos os anos de pena e condescendência que Paul havia sofrido dos colegas.

O próprio Archie Goodwin, ajudante de Wolfe, sente a influência de Chapin: arrogante, cínico e sarcástico ao mesmo tempo, Chapin é um oponente que parece não só digno de Wolfe como também até mesmo mais inteligente do que o famoso detetive.

E aí o principal cliente de Wolfe – quem primeiro apareceu com a idéia de pedir ajuda a ele – desaparece de forma misteriosa. Até mesmo o Inspetor Cramer, convencido da culpa de Chapin mas sem poder prová-lo, assim como uma agência de detetives da cidade, se colocam à disposição de Wolfe para ajudá-lo a colocar a culpa no escritor.

O livro é um excelente suspense. Paul Chapin é um oponente digno de Wolfe sem ser o super chefão do crime como Zeck (que na verdade não passa de um Moriarty elaborado). Não me lembro de outros livros em que o vilão é conhecido e Wolfe tem é que provar que ele cometeu o crime.
Só por isso um leitor ávido de Wolfe seria capaz de adivinhar o final – aconteceu comigo, então posso dizer. O problema do livro, assim como o último que eu li do autor, é justamente esse: o final fica previsível e insatisfatório.

Mas, fora isso, o livro é interessante e mantém o suspense por quase toda sua extensão. Os personagens são bons – apesar de eu sentir falta de uma garota para Archie, claro – e trazem bons momentos à trama.

Em geral, portanto, é um bom livro. Eu só não entendo porque ficam traduzindo livros menos legais do Nero Wolfe e deixam de fora pérolas como “Death of a Doxy” e “The Silent Speaker“.
Enfim.

The League of Frightened Men (1935) de Rex Stout. Coleção Nero Wolfe Nº 2

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