Anna está de recuperação na casa dos seus pais, na Irlanda. Além de Mamãe Walsh e do Sr. Walsh, também vive na casa a irmã mais nova de Anna, Helen, que é improvavelmente uma detetive particular. Anna narra sua história lentamente, passando por quando ela quando era jovem e viajava pelo mundo com o ex namorado, e depois de como ela foi pra Nova York e conseguiu um emprego numa agência de publicidade, e de como conheceu o amor da sua vida, Aidan.
Mas algo não está certo: Anna está claramente acidentada, com machucados horríveis, tomando milhares de remédios. Foi pra Irlanda justamente para se recuperar de um terrível acidente, afinal de contas. E durante as primeiras duzentas páginas ela se pergunta porque Aidan não atende seus telefonemas nem responde seus e-mails. A família, com tato, evita mencionar o que quer que tenha acontecido. Anna se recusa a ouvir mensagens de condolências. Enquanto isso, o leitor vai descobrindo aos poucos mais detalhes da vida de Anna com Aidan, e finalmente a bomba que vai carregar os outros dois terços do livro.
SPOILER
Aidan morreu no acidente de carro que estourou Anna. O corpo dele foi esmagado pelo veículo que bateu no deles, e Anna sobreviveu devido a isso.
FIM DE SPOILER
O resto do livro é a forma que Anna tenta lidar com isso, desde frequentando grupos de apoio até pensando em gastar todas as suas economias num milagre pouco provável. O que a segura no lugar (mesmo que pouco estável) é o trabalho: como assistente de uma conta importante da agência, Anna não pode parar de se mexer e precisa conseguir milagres do marketing para manter seu emprego. Enquanto isso, a vida da sua família continua, e Anna segue tudo de forma um pouco alheia através dos e-mails engraçadíssimos que recebe de sua mãe e de Helen. Apesar do tema pesado, são esses e-mails que trazem o verdadeiro estilo da autora à tona: o livro fica engraçado, leve e interessante durante esses momentos, e compensa bem o drama pessoal da protagonista.
O livro me deixou dividida. Me apaixonei pela família Walsh (e só agora descobri que essa é uma série de livros dedicada às cinco irmãs, do qual esse é o quarto, já que Anna é a quarta filha), e quero muito ler os outros – as melhores partes do livro são os momentos em que alguém da família de Anna ou sua melhor amiga estão por ali. O drama pessoal dela soou verdadeiro pra mim, que passei recentemente por uma situação pessoal complicada, e especialmente as partes em que ela relata se sentir muito solitária com sua dor, e que todo o resto das pessoas fica perguntando pra ela “quando ela vai superar” fizeram com que eu me identificasse com a história. O fim do livro é muito bom e foi contra o que eu esperava (felizmente), mas a narrativa me cansou um pouco: apesar de bem escrito e em muitos momentos engraçado, a história vai muito lentamente do nada para lugar algum. O ‘plot twist’ inicial foi adivinhado anos antes de chegar, e o segundo ‘plot twist’ foi inverossímil e bobo. Não acho que seja um livro que eu vá recomendar pra qualquer pessoa. Apesar de se vender como uma comédia romântica, ele é muito mais um drama de desenvolvimento pessoal, e acho que alguns leitores podem se desapontar.
Informo também que apesar do livro ser o quarto da série, pode ser lido sozinho sem problema nenhum.
A autora escreve muito bem, os personagens são bons, e penso fortemente em ler os outros da série – então, acho que no fim das contas fica um livro com um 3 de 5 bem sólido.
Anybody Out There (2007) Marian Keyes. Série Família Walsh Livro 4