Esse livro é um dos sempre aparece nas listas de melhores livros de fantasia. Essa autora é unanimidade entre os grandes da ficção científica. Ela também é famosa por colocar personagens não-héteros-cis-brancos nas histórias sem os leitores sequer perceberem pra ir lá reclamar.
E esse também é um dos meus livros favoritos no mundo inteiro.
O livro abre lembrando o leitor de que Gavião, um dos magos mais poderosos de toda Terramar, um dos maiores viajantes que já existiu, e um dos poucos que pode ser chamado de Senhor dos Dragões, na verdade nasceu na pequena ilha de Gont, ao norte do Arquipélago. E que o livro vai contar a história dele antes da fama.
E entramos de cabeça num mundo mágico porém duro, fantástico porém comum, grandioso porém caseiro. A autora consegue, como nenhuma outra, descrever o ambiente de fantasia de forma perfeitamente normal, sem grandes explosões ou fogos de artifício. A magia em Terramar existe, óbvio. Mas fazer magia não é nem fácil nem tranquilo: Gavião logo descobre que a ambição dos magos nunca leva a nada de bom.
E o leitor, que foi atrás de mais uma história de um garoto com poderes mágicos que foi para uma escola de bruxos, de repente se depara com uma longa perseguição sem esperança por mares ermos atrás de monstros desconhecidos, em uma trama onde não há vilão; onde a magia é contemplação e nomenclatura.
Os elementos da fantasia estão todos lá. A moça sedutora, o vilão que quer ver o herói se da mal, o mentor, e até um dragão de bônus. E no entanto não estão todos lá, porque o local de cada um dos elementos da trama é completamente diferente daqueles atribuídos a eles numa narrativa tradicional.
E é tudo tão diferente dos livros de fantasia jamais escritos que até hoje, anos depois de tê-lo lido pela primeira vez, fico impressionada com a originalidade e frescor de cada cena.
O Mago de Terramar é uma obra prima da literatura fantasiosa e mundial, que deve ser lido por qualquer pessoa que goste de ler. Fala dos anseios mais básicos como o de pertencer a um grupo, ou ser reconhecido como bem sucedido – e logo depois joga na nossa cara frases como “o perigo rodeia o poder assim como a sombra rodeia a luz” pra gente ficar pensando até o dia seguinte. Tem os discursos do mestre do Gavião no melhor estilo pouco compreensível de Yoda, e no capítulo seguinte aparece um dos dragões mais legais da história da fantasia.
Em suma, ao mesmo tempo em que é um tratado de filosofia, consegue cativar o público juvenil! Um livro que posso ficar recomendando a vida toda, mesmo com a adaptação pavorosa que chegou nas telas e mesmo com as editoras racistas colocando Gavião branco na capa – sendo que tá escrito com todas as letras que ele é de pele escura.
A Wizard of Earthsea (1968) de Ursula K. Le Guin. Série Terramar Livro 1
Oiii!Ahhh eu tbm sou fã de fantasia. Aliás, estou em uma fase de literatura fantástica. No momento estou lendo O Nome do Vento e amando. Não conheço esse livro,mas vou procurá-lo agora. Preciso tê-lo na minha coleção.Adorei a dica e sua resenha ficou perfeita. Parabéns!Bjs
Você sabe se há o livro em português? Já li, mas não sei se devo fazer uma resenha…
Oi, David,eu sei que existe o livro em português de Portugal. Da última vez que olhei, a editora que publica no Brasil estava com ele esgotado, mas não sei te dizer se até hoje é assim.Obrigada pelo comentário!