A princesa Margrethe foi enviada por seu pai a um convento nos confins do reino para protegê-la da guerra contra o reino vizinho.
Em uma manhã fria e chuvosa, a princesa está observando o misterioso mar da varanda vazia do convento quando vê algo fantástico: uma sereia!
Antes que possa se recuperar da incredulidade, a sereia a chama telepaticamente – ela carrega um jovem quase afogado nos braços, e quer que Magrethe assuma o cuidado por ele para que ele não morra de frio na praia deserta.
Margrethe obedece a sereia e resgata o jovem da praia, chamando as freiras para ajudar.
Durante a recuperação do jovem, Margrethe encontra a fantástica sereia mais algumas vezes, e as duas trocam impressões sobre ambos os mundos.
Lenia, por sua vez, está perdidamente apaixonada pelo jovem que resgatou e ao voltar para a terra para descobrir como vai ele acaba ficando amiga de Margrethe – que por sua vez também cai no charme do jovem resgatado, um forte e educado estrangeiro.
Lógico que o jovem é na verdade o príncipe do reino vizinho, que usa a bondade das freiras ao deixá-lo sair dali para voltar pra casa. Quando o implacável pai de Margrethe descobre o quão próximo os inimigos estiveram da sua princesa, ele a retira do convento e os esforços da guerra são renovados.
Mas Margrethe, certa de que a sereia trouxe o príncipe até ela por um motivo, resolve que vai arriscar tudo o que tem para se casar com o príncipe estrangeiro formando uma aliança que vai terminar com os sofrimentos da guerra.
Enquanto isso, louca de paixão pelo príncipe, a sereia Lenia, que é uma princesa no fundo do mar, descobre que a bruxa-do-mar tem uma poção que a transformará em humana. Ela está disposta a abrir mão da sua vida longa como sereia para tentar ganhar o amor do príncipe e uma alma humana imortal, mesmo que isso signifique sofrer dores lancinantes nos pés e ter a língua cortada, ficando sem voz…
Nessa versão do famoso conto de Andersen, a leitura me deixou angustiada. Não porque seja um livro ruim – muito pelo contrário! – mas porque eu cresci ouvindo a história da pequena sereia (a história do Andersen, não a besteira da Disney, mesmo que eu também adorasse a besteira da Disney) e eu sabia como a história deveria acabar, e o fato de gostar muito da Margrethe me deixou ansiosa para ver se a autora teria uma forma de fazer a história acabar de forma diferente da do conto…
Não vou dar spoilers, mas posso dizer que o livro não me desapontou. A idéia genial de descobrir o que acontece com a misteriosa princesa disfarçada de freira que resgata o príncipe quando a sereiazinha o deixa na praia funcionou às mil maravilhas: Margrethe é uma personagem completa; uma princesa corajosa que mesmo tendo a desvantagem de ser mulher consegue mudar seu destino.
O triângulo amoroso formado por Margrethe, Lenia e o príncipe não tem mocinhas nem vilãs: ambas estão apaixonadas pelo mesmo homem, que faz sua escolha mas tem essa escolha destruída pelo destino que o fez um príncipe: afinal de contas, ele é o herdeiro de um trono, e precisa fazer aquilo que seu povo espera dele.
Enfim, uma fantasia inteligente, uma adaptação do famoso conto de Andersen impecável, uma trama empolgante – mesmo que um pouco dramática, não tem como fugir – fazem desse um dos melhores livros que li no ano.
Mermaid – Uma Reviravolta no Conto Original
Título original: Mermaid (2012)
De Carolyn Turgeon (EUA)
Gostei da resenha e fiquei com vontade ler!