A maioria dos livros da série que segue as aventuras do mago Harry Dresden pode ser lido sem seguir ordem alguma. Esse, no entanto, precisa ser lido após o 12º volume da série, Changes.
Contém spoilers!!
E o autor teve a cara de pau de dizer que o livro anterior NÃO terminou num momento tenso.
Então vejamos.
Ao fim do livro 12, Changes, Harry estava na seguinte situação: a) tinha acabado de eliminar todos os vampiros da Corte Vermelha da face da terra; b) tinha feito um pacto com a rainha maligna das fadas para se tornar seu monstruoso lugar tenente; c) tinha assassinado sua ex-namorada e mãe de sua filha num ritual tenso; d) finalmente tinha se declarado para sua colega Murphy; e) tinha tomado uma bala no peito e caído nas profundezas do oceano, perdendo a consciência.
Fim do livro.
Não fosse a espera longa entre um livro e outro – já que demorei pra conseguir Changes, que demorou pra chegar em paperback aqui no Brasil e depois tive que esperar tanto Ghost Story ser lançado nos Estados Unidos quanto aparecer no Brasil (estou esperando o livro no Brasil até agora; desisti porque o livro consta como esgotado na editora e peguei um e-book) – minha ansiedade estava no máximo.
Já meio que dava pra adivinhar o que o livro seria, já que o personagem morre no livro anterior e o nome desse é “história de fantasma”.
E durante o próprio livro já saquei uma parte do final, já que os aliados de Harry dizerm algo sobre “e o que aconteceu com o seu corpo?” e tal.
Mas infelizmente o livro não me convenceu.
Harry tem a possibilidade de voltar para Chicago, como fantasma, para descobrir quem é seu assassino, por causa de uma irregularidade na sua morte.
Aí ele passa o livro inteiro tentando se acostumar com a vida de fantasma, salvar seus amigos de um coincidente fantasma maligno que quer dominar o mundo e chorando as consequências de suas ações.
Não que o livro não seja empolgante.
É.
Harry continua o mesmo, com uma pitada de sabedoria a mais por estar fora da ação e poder refletir sobre tudo o que está acontecendo sem se envolver. O que me incomodou foi a história.
O “assassinato” foi extremamente bem bolado, com certeza. Não chegou exatamente a me deixar super espantada, mas foi uma das melhores partes do livro.
Mas aí.
Como que o Harry pôde fazer um troço desses com a Molly?
Aliás, como que o Harry pôde levar a Molly para um esquema tão tenso quanto Chichén Itzá (ou qualquer outro jeito que escreve)?
Aí ele vê as consequências de suas decisões e fica choramingando.
Mas beleza. Achei interessante ele ficar remoendo o que fez quando estava vivo, afinal que mais um fantasma poderia fazer, certo?
Ah, é mesmo, ele pode interagir com outros fantasmas, então é claro que tem um fantazma fodão por perto para que ele possa fazer alguma coisa.
Então passando por cima do fato de que achei a história menos movimentada do que as outras – já que temos também Harry revivendo suas memórias – tem o fato de que o final do livro não faz o menor sentido.
Contém spoilers!
Se o esquema que Harry combinou com Molly e Kincaid era pra enganar Mab, então qual a utilidade da história toda, se no final Mab consegue o que quer de qualquer forma? Se Uriel sabia de tudo – e duvido que não soubesse, dado seu poder praticamente infinito – qual o sentido de mandar Harry voltar como “fantasma” para descobrir um negócio que não faz a menor diferença? E, por fim mas não menos importante, WTF foi aquela história de mentiras, trapaças e dois canos fumegantes irregularidades por influências sobrenaturais?
Durante todos os livros, praticamente, Harry foi influenciado por dezenas de presenças sobrenaturais.
E além disso. Se não fosse o tal anjo caído sussurrando no ouvido dele… Até parece que ele pensaria duas vezes antes de se entregar a Mab para salvar sua própria filha.
Não faz sentido.
Fim do spoiler.
Eu entendo que a história de Harry é super complexa; entendo inclusive que o autor quisesse fazer um livro com o Harry como fantazma e precisava de uma justificativa. Mas essa história não convence e não fecha; nunca pensei que fosse dizer isso de um livro do Harry, mas é fato. Apesar de toda a ação, e de todos os personagens queridos, e das partes legais que incluem a luta contra Capricorpus, Molly super powerful e o simpático Fitz, um dos poucos personagens novos na trama, Ghost Story não é satisfatório.
Resta esperar pelo próximo livro, que não tem sequer data de lançamento, pra ver se melhora.
Uma pena.
Ghost Story (2011) de Jim Butcher (EUA)
Série Dresden Files Livro 13
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