Jane Hayes já passou dos trinta. Apesar de ter um emprego fixo na área de marketing de uma revista, não está exatamente empolgada com a sua carreira.
E no quesito “amor”, ela está totalmente parada. Depois de inúmeros relacionamentos falidos, ela está prestes a se tornar uma “solteirona” e desistir dos homens de vez.
E a culpa de tudo isso é de um certo Sr. Darcy.
Viciada em Orgulho e Preconceito desde criancinha, Jane leva sua paixão pelo personagem da autora inglesa até os limites do aceitável quando assiste a versão do livro feita pela BBC e com Colin Firth no papel do famoso Sr. Darcy. É culpa dele que Jane não consegue se relacionar com nenhum homem. É culpa dele que ela espera comportamento cavalheiresco de todos os peguetes dela. E é culpa dele, portanto, que ela está solteira.
Quando sua tia-avó vem visitá-la e descobre dessa obsessão de Jane, ela é forçada a admitir o grau do vício que ela tem com não só o livro como também com o filme, e é obrigada a rever as decisões que a levaram até esse ponto na vida. E alguns meses depois a tia-avó morre e deixa de herança para Jane uma estadia de três semanas num misterioso hotel temático que recria o ambiente dos livros da Jane Austen: a Inglaterra regencial de 1819. Jane decide tentar a sorte, já que está com tudo pago, e ruma para a Inglaterra, onde vai receber roupas da época, aulas de dança e uma expressa proibição de utilizar aparatos modernos.
Só que Jane não tem dinheiro, e por isso a dona do lugar deixa bem claro que, apesar de ter a estadia paga pela tal tia-avó, Jane não é do círculo de milionárias que geralmente frequentam o lugar e não poderá indicar outras bem nascidas para aproveitar as férias inusitadas.
Mas Jane não se deixa abalar e resolve que lá em Austenland (como a narradora carinhosamente chama o local) ela pretende ter uma última “rodada” de homens antes de virar a solteirona. Mas ela logo percebe coisas interessantes sobre os atores contratados, sobre o local e sobre si mesma. Aparentemente a vida naquela época era mais entediante do que ela esperava; o jardineiro bonitão é um cara bastante agradável especialmente quando não está agindo como seu personagem manda; as outras mulheres são ou perfeitas para a época ou velhas demais, mas todas interessadas num perfeito romance “austeniano”; e o Sr. Nobley, taciturno, “rico”, inteligente e desagradável como o próprio Sr. Darcy, faz com que Jane reflita se deve mesmo desistir de todos os homens.
Um livro fofo, interessante e divertido, Austenland me fez ter a impressão de estar lendo uma comédia romântica – o que não está tão longe da verdade, já que Austenland já virou filme e foi uma adaptação bem fofa. A história tem todos os clichês do gênero, e por isso é previsível e machista. O que mais me incomodou foi a frase da tia-avó quando diz que o Sr. Darcy não adiantou de nada para a Jane Austen porque ela morreu solteirona. Ou seja: o objetivo maior na vida de uma mulher é conseguir um marido, mesmo que isso seja praticamente uma prisão na sua época e mesmo que você seja bem sucedida numa carreira indo contra todas as convenções sociais. Ou, no caso da Jane protagonista, mesmo que você seja uma pessoa divertida, com um bom emprego e amigos legais – se você não tem um homem, você não é NADA.
MAS, como eu sou mulher e socialmente empurrada para gostar desse tipo de história, e como eu também adoro Orgulho e Preconceito, e como eu sou o tipo de nerd que adoraria se vestir com roupas de 1819 pra viver um romance, eu gostei bastante do livro. Não é surpreendente, mas a premissa é original, os personagens são divertidos e a leitura é rápida. Eu não tenho muita paciência pra esses romances melecosos, mas o apelo da Jane Austen me ganhou e eu terminei o livro bem contente.
Austenland (2007) De Shannon Hale. Série Austenland Livro 1
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