Mrs. Elspeth McGillicuddy está passeando de trem. Aí, o trem que ela está fica andando paralelo com outro, numa dessas intersecções e inter-conexões tão comuns no sistema ferroviário da Inglaterra. E pela janela dos trens ela vê um homem estrangulando uma mulher, no vagão do trem paralelo ao dela. Ela não consegue ver o rosto do homem, que está de costas pra ela, mas ela vê claramente o rosto desfigurado da mulher em seus últimos momentos de asfixia. E os trens seguem caminho e ela perde a visão da janela.
Mrs. McGillicuddy é uma senhora muito prática, que não perde tempo em puxar o freio de emergência e informar o guardinha do vagão o que ela acabou de ver. Mas é lógico que o homem acha que ela é só uma velhinha meio gagá e não presta muita atenção no comentário dela. Ela até tenta falar com o guarda da estação onde ela desce, mas é tratada com um misto de condescendência e falta de paciência que a irrita profundamente, e ela resolve ir falar com uma especialista: Miss Marple, sua velha amiga de infância.
Miss Marple, com experiência infinita em crimes de todas as espécies, dá à amiga o excelente conselho de esperar pela notícia “loira é encontrada estrangulada em trem” ou algo do gênero.
Mas quando a notícia não vem, Miss Marple decide tomar outra atitude. Sabendo que sua amiga Elspeth tem excelente visão e está longe de estar gagá, Miss Marple conclui que o assassino deve ter jogado o corpo da mulher pela janela. E vê que, no momento em que Mrs. McGillicuddy viu o assassinato, os trens estavam passando perto de uma antiga propriedade rural. Rutheford Hall hoje pertence a um dos últimos membros da família, o ranzinza e avarento Luther Crackenthorpe, que é inválido e vive com sua filha submissa Emma.
Precisando de alguém jovem e ativa na cena, Miss Marple contata Lucy Eyelesbarrow, uma competente moça que vive de ser uma espécie de empregada-faz-tudo da alta sociedade, e conta todo o caso. Interessada e aventureira, Lucy concorda em ajudar e finge que quer ganhar um quinto do que ganha realmente para trabalhar para Emma. Ao mesmo tempo, ela vai servir como uma espécie de espiã de Miss Marple para descobrir se a família tem alguma coisa a ver com o assassinato.
Se os Crackenthorpe têm alguma coisa a ver com a história vira caso de polícia quando Lucy e dois moleques – sobrinho e amigo do sobrinho de Emma – descobrem o corpo da loira estrangulada dentro de um sarcófago (!) que fica num galpão do jardim.
Esse livro é Agatha Christie em sua melhor forma, com tudo o que os livros dela têm direito: um bom mistério, personagens interessantes, uma enorme família decadente, dinheiro, veneno, assassinos em série, uma bela moça aventureira e crianças espertas que dão um tom mais leve à narrativa.
Se você gosta da autora, não perca esse livro. E mesmo se você nunca ouviu falar dela, nada te impede de começar por esse, um excelente mistério com uma premissa das mais originais!
4.50 from Paddington (1957) De Agatha Christie
PS – GENTE, esse nome não é demais? É o trem que ela pega quando vê o assassinato! E em Portugal um dos nomes do livro é “O Estranho Caso da Velha Curiosa” ahahaaaa
Oi! ^^Eu mesma não acredito que nunca li nenhum livro dela, apesar de conhecer algumas de suas histórias.Pela resenha fiquei muito empolgada com a resenha e não vejo a ora de ler um de seus mistérios. Você já viu a série que estão passando com as história dela? “Os Pequenos Crimes de Agatha Christie”, todo Sábado, na TV Brasil, às 22:30hrs. Eu recomendo!Beijusss;http://tinyurl.com/mentehipercriativa