Eu não lembrava direito dessa história, mas enquanto eu fui lendo me deu aquela sensação de que já sabia o que ia acontecer…
Na verdade o que eu acho que aconteceu é que ela escreveu um conto parecido com esse – em que um médico bonitão que é amigo de Poirot acaba gostando de uma moça envolvida num crime – e usou isso de novo nesse livro.
Aliás, é uma técnica da autora que nem todo mundo conhece: ela repete nomes, situações e até tramas, mas geralmente em contos e depois em livros. Quanto mais velha ela estava quando o livro foi escrito, maior a possibilidade de você encontrar um conto beeem parecido nos primeiros trabalhos dela.
Enfim, pra alguém que escreveu dezenas de livros, isso deve ser comum, eu acho.
De qualquer forma, o livro é meio sem graça justamente por ser da safra ‘mais recente’ dos livros da autora e possuir as qualidades menos interessantes da gata mais velha: Poirot fazendo delírios de pensamento por parágrafos a fio; imensidão de personagens interligados de modo muito mais confuso do que o habitual; jovens desrespeitosos, sem charme e envolvidos com drogas; tramas românticas bestas; alguma intriga de espionagem internacional e o alter ego da gata, Ariadne Oliver, agindo como uma velha tonta e gagá.
A história é a de que uma jovem vai a Poirot falando que acha que matou alguém, mas não chega a falar mais porque acha que Poirot é muito velho.
Ofendido, ele liga pra sua amiga Ariadne pra contar o caso, e ela acaba se lembrando de que talvez conheça a moça.
Que está desaparecida.
Aí mistura assassinado, tráfico de drogas, espionagem e bastante deliberação solitária e confusa de Poirot para formar um livro bem aquém do padrão da gata. Mesmo que seja um dos melhores da safra mais recente.
Third Girl (1966) De Agatha Christie