Honorável Phryne Fisher adora dançar, e seu parceiro atual é o jovem bonitão Simon Abrahams. Mas a diversão de Phryne na Jewish Young Peoples Society Dance acaba quando o pai de Simon a chama. O Senhor Abrahams pede que ela investigue a morte misteriosa de um jovem estudante judeu, na livraria da correta Miss Lee.
O primeiro problema é que Miss Lee foi correta de mais: ela não demonstrou emoção quando o jovem caiu em tremores, ela apenas colocou uma régua entre seus dentes para que ele não mordesse a língua. Ela não saiu correndo gritando; ela foi até a porta e pediu calmamente que a vizinha chamasse a polícia e um médico. Esse comportamento “anormal” fez com que a polícia desconfiasse dela, e ela foi presa.
O senhorio da loja de livros é o próprio Senhor Abrahams, que contratou Miss Fisher. Ele se preocupa com a situação dos judeus na Austrália, e sabe que ele sendo judeu e também a vítima, isso pode começar uma onda de opinião negativa contra eles.
Miss Fisher então começa a investigação com atividades trabalhosas como – identificar os compradores de livros no dia da morte; descobrir onde foi parar o veneno de rato que Miss Lee havia comprado; e traduzir o papel misterioso achado no bolso do morto.
O Grande Problema
Não é de hoje que o judaísmo, e a questão da Palestina, e os sionistas, são causa de inúmeras discussões. Em 2023, os sionistas estão novamente por baixo na opinião pública e arriscam ainda mais com as decisões tomadas em Israel. Da mesma forma, em 1997, quando o livro foi escrito, a situação na Palestina era de confusão.
Já em 1928, quando o livro acontece, Israel não existia. E a autora escreve de forma tentativamente neutra. Coloca os judeus mais velhos falando que ir para a Palestina é besteira, que não tem nada lá. E tem os judeus mais jovens, que ficam com os olhos brilhando com a ideia de uma terra deles, que tem que comprar propriedade dos árabes e construir uma homeland.
Desde muito tempo que os judeus eram perseguidos, e em 1928 havia muitos pogroms (ataques massivos aprovados pelas autoridades a um grupo étnico ou religioso) na Europa. O medo dos personagens judeus é justamente algo parecido acontecer na Austrália.
Para tentar entender seus clientes e o moço assassinado, assim como a motivação para o assassinato, Phryne mergulha em diversos livros sobre o assunto, e o leitor também fica sabendo das suas descobertas. É uma questão complicadíssima que a autora tenta simplificar ao tentar dar uma resumida, como mencionei colocando opiniões conflitantes na boca de diferentes personagens.
No entanto, o livro tem uma visão bastante clara: os judeus sofreram muito, e merecem paz em sua terra. Não chega a ser um livro totalmente sionista, mas é definitivamente simpático à causa.
A História
Miss Fisher está curiosa, impecavelmente vestida e completamente independente como sempre. Além disso, a família de Simon é adorável. Miss Lee, a infeliz que foi presa, tem a vida mais incrível que eu sempre quis (fora ter sido acusada de assassinato, claro).
Afora a problematização acima, o livro é mais uma leitura confortável da série, com enredo satisfatório e personagens interesantes.
Raisins and Almonds (1997) | Série Phryne Fisher Livro 9