Esse é um livro infantil muito bem escrito e com temas extremamente interessantes, ainda mais considerando a idade do público alvo.
A história se passa no século 18, e Charlotte Doyle é uma garota de classe alta da Inglaterra que, quando a família se muda para os Estados Unidos, fica para trás para terminar os estudos e tem de cruzar o Atlântico sozinha de barco.
Ela logo percebe que há algo de errado no navio, no entanto, já que muitos dos marinheiros a avisam para não fazer a viagem.
Durante os primeiros dias, Zacariah, o cozinheiro negro, tenta fazer amizade com ela e avisá-la do perigo, mas ela, consciente de sua classe social, não aceita a amizade e prefere ser os olhos e ouvidos do fino capitão dentre a tripulação.
Mas ela logo percebe que os avisos de Zacariah não foram em vão: o capitão é um homem cruel e ambicioso, que não hesita em fazer com que os marinheiros trabalhem até o limite de suas forças e em obrigar o barco a atravessar um furacão para que chegue mais cedo ao destino.
Logo a lealdade de Charlotte será testada, pois os marinheiros deixam claro que pretendem se amotinar e o capitão pede a ela que o avise se ouvir algo do gênero.
A história é simples, e no entanto o leitor fica preso pelas palavras da narradora Charlotte, que vai amadurecendo a cada página. Os personagens são surpreendentemente bem construídos considerando o tipo de livro e o tamanho dele – nem 300 páginas – e cada situação é delicadamente construída para que não possamos largar o livro nem por um instante.
Uma aventura no alto mar para fã nenhum do gênero botar defeito, e uma história de crescimento e chegada à vida adulta tocante e envolvente.
The True Confessions of Charlotte Doyle (1990)