Dezembro 3, 2024
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Eu juro que eu tentei, mas é tão chatenho que fica difícil. De qualquer forma, vou postar agora, que cheguei na metade, e depois termino com outro post, se tiver ânimo de continuar lendo.

Comprei num desses desencargos de consciência de “preciso ler mais autores brasileiros” e me interessei logo pela premissa, que é de um grupo de ingleses no século XIX que encontram pistas de um tesouro escondido no Brasil e acabam encontrando coisas bem mais interessantes por aqui.

Só que aí me deparei com os problemas.
A história em si é até interessante, em linhas gerais. Um estudante universitário inglês, John McBrian, encontra um antigo mapa dentro de um livro e, juntamente com um colega, leva a preciosidade ao seu professor, Sir Oliver Stwart. Este se empolga com a possibilidade de encontrar um tesouro no interior da Inglaterra e os três partem em busca da coisa toda.

Mas enquanto a trama se desenvolve, percebi que os personagens são tão rasos que eu não saberia distingui-los numa descrição simples. E, por essa falta de profundidade, o que acontece é que a trama vai ficando cada vez mais boba e cheia de soluções que demonstram a convicção do autor na pouca inteligência dos leitores.

Além disso, o livro é ambientado na Inglaterra do século XIX. Mas chamar seu protagonista de John e achar que isso basta é um pouco demais (ou, no caso, de menos). Os personagens não demonstram a qualquer momento que estão em uma época distinta da nossa, e em um país diferente. As descrições são pobres e não mostram de forma alguma o colorido da época e local. Não existe qualquer menção a costumes, modo de falar, jeito dos personagens, locais onde se passa a trama (mentira – as pessoas andam de cavalos e eles chegam até um castelo: aparentemente isso basta para que o leitor se convença de que estão na Inglaterra) para que o leitor fique minimamente ambientado.

Quando os personagens finalmente chegam ao Brasil – que, lembrem-se, é o Brasil de antigamente, onde os costumes e as pessoas eram completamente diferentes – a coisa não melhora, e as descrições são praticamente inexistentes.

Isso tudo eu ainda perdoaria, relevando como sendo o modo do autor direcionar seu livro a leitores menos exigentes.

Mas aí temos duas reviravoltas na trama que me pareceram tão aleatórias que deu dor de barriga.
Primeiro que, sabendo do tesouro, um grupo de ladrões segue os protagonistas até a primeira fase da caça ao ouro. Um deles ficou sabendo da coisa toda pois é namorado da criada do professor. Eles atacam os heróis, amarram e amordaçam-nos e os obrigam a revelar tudo o que sabem sobre o tesouro.
A namorada do ladrão teme pela segurança do seu patrão e vai, com a mãe, atrás deles.

Quando as moças chegam, os ladrões ficam sem jeito (!) de atacarem mulheres e de admitirem que eram ladrões, e decidem fingir que na verdade vieram ajudar o professor e os outros.

Com pena (!!) dos pobres jovens, o professor e seus assistentes resolvem fingir também, e “com o tempo” todos ficam amigos.

Quando a próxima etapa da caça ao tesouro se revela, e eles descobrem que o tesouro está no Brasil, todos eles, ladrões, estudantes, mulheres, resolvem ir ao Brasil.

Para agregar uma nova ameaça à trama, ninjas japoneses aparecem, ninguém sabe de onde, para roubar o tesouro também.

Tudo isso com uma pobreza de detalhes que até agora me impediu de distinguir um ladrão do outro. E, o que é pior, escrito de uma forma tão simplificada que as coisas acontecem sem explicação nenhuma.
Eu tenho certeza de que seria possível colocar os ninjas japoneses (que não falam uma palavra de inglês – me pergunto como eles se viravam na Inglaterra) na trama de forma mais convincente.

É uma pena, pois o livro prometia. Eu juro que, por uma questão de honra (e curiosidade também, quero ver onde ele vai parar com a cidade futurista/antiga debaixo da montanha) vou terminar o livro e posto a parte 2 da minha opinião. Quem sabe agora que a coisa virou fantasia de verdade ele não melhora as descrições (já que de Brasil antigo e Inglaterra ele não entende, pelo menos da sua própria ambientação ele deveria entender, né) e eu fico mais empolgada com os personagens.

4 thoughts on “Abandonei | Hathor

  1. Boa tarde,Gostava de te convidar a responder a uma questão que está no blogue Atmosfera dos livros. Acho que a ideia é interessante daí estar a convidar para a participação de todos os bibliófilos.Desde já grata pela atenção dispensada.Ficarei a aguardar a tua participaçãoBoas leituras!

  2. Esse livro é tão, mas tão absurdamente ruim. Os personagens tão rasos, o autor cheio de vicio de linguagens, as soluções tão inocentes e idiotas…Comprei num desses surtos “preciso ler mais autor nacional” também. Felizmente, acabei comprando junto Neon Azul, do Eric Novello, que é ÓTIMO, e Annabel e Sarah, do Jim Anotsu, que ainda não li, mas o livro é linda, haaha

  3. Ola! Tudo Bem! Me nome é Ulisses Sebrian e visitei o seu blog e gostei muito. Entrei como Seguidor se não se importa. Parabéns pelo seu blog e boa sorte.Sou autor de 9 romances disponíveis em meus blogs.Ah!Também tenho 4 blogs e gostaria que o visitasse.E se possível entrar como seguidor. ObrigadoOs meus blogs são:http://truquedevida.blogspot.com.br/http://olhosdnoite.blogspot.com.br/http://melquisarcarde.blogspot.com.br/http://concientein.blogspot.com.br/

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