Maio 19, 2024
Home » As Tumbas de Atuan | Ursula K Le Guin

Quando Arha, a sacerdotisa do templo dos Sem Nome, morre, os templários do Rei Deus procuram a menina que nasceu no mesmo dia e hora da morte da sacerdotisa nas quatro ilhas do império Kargad
Então eles vão até a casa da garota, e levam-na para a ilha de Atuan, onde fica o templo dos Sem Nome. Lá, eles retiram o nome dado a ela por seus pais e entregam-na em sacrifício aos Sem Nome. Ela passa a ser a nova Arha, a devorada, sempre renascida.

Tenar foi uma dessas garotas, tirada de casa para viver pelo resto da vida no templo como sacerdotisa e renomeada. As duas sacerdotisas do templo do Rei Deus, Kossil e Thar, se encarregam de ‘relembrar’ todos os rituais a Arha (afinal, ela é a mesma pessoa num corpo diferente). Enquanto isso, Arha tem uma infância parecida com a das garotas que serão sacerdotisas do templo do Rei Deus, mas ao mesmo tempo sabe que é mais importante: os Sem Nome vieram antes de tudo, antes do mundo, e são superiores aos reis.
Arha vive nas tumbas de Atuan, um lugar inóspito e desértico, onde ficam apenas os templos e as enormes pedras misteriosas que compõe as tumbas.
Debaixo do templo dos Sem Nome há uma enorme caverna sagrada, onde nenhuma luz é permitida, e Thar passa todos as direções para que Arha entre lá e saiba contar as aberturas para chegar aos  lugares. Uma dessas aberturas dá para a porta do grande labirinto: uma série de túneis feita para impedir que ladrões bruxos do centro do arquipélago cheguem ao enorme tesouro dos Sem Nome.

A vida de Arha passa assim, com poucas novidades a não ser o sacrifício de alguns malfeitores em honra aos Sem Nome.
Até que Arha vai um dia até a grande caverna escura e se depara com uma visão de tirar o fôlego: estalactites e estalagmites brilhantes, luzes refletindo-se na parede de cristal e um homem negro no centro de tudo, com sua luz mágica na ponta do cajado – um bruxo do arquipélago!

A partir daí a vida de Arha nunca mais será a mesma, porque apesar de saber que é seu dever entregar o intruso à ira dos Sem Nome, ela sente uma enorme curiosidade por este forasteiro de pele escura e cicatrizes na face. Ela simplesmente não consegue ficar longe dele, mesmo depois de tê-lo aprisionado no labirinto, e Kossil, a sacerdotisa do Rei Deus, suspeita de que algo está errado. Arha logo terá de decidir-se quanto ao destino daquele homem, que se diz um mago e admite estar em busca de um tesouro.

Um livro sombrio, lento e ao mesmo tempo empolgante, As Tumbas de Atuan é diferente de todos os livros de fantasia que você já leu. É como que uma continuação de O Mago de Terramar, mas segue a vida de um personagem diferente, e por isso mesmo tem um clima completamente diferente. Arha é uma jovem que não conhece nada além do tédio e da escuridão, e a vida de maravilhas que o mago lhe mostra é maior do que o seu temor pelos Sem Nome. E sua jornada em direção à vida adulta, junto com suas dúvidas religiosas, são extremamente reais e bem construídos. E ao mesmo tempo, nos diálogos sem esperança que ela tem com o mago – que perde forças a cada segundo, estando no território dos Sem Nome – temos uma visão do resto do mundo, longe de Atuan: um mundo fantástico, cheio de magia, cavaleiros e dragões. E nos congratulamos com as decisões de Arha.

Um livro original, interessante e diferente, As Tumbas de Atuan vale a pena ser lido mesmo sem o primeiro volume.

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